Mostrando postagens com marcador Ciência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ciência. Mostrar todas as postagens

domingo, 20 de maio de 2012

Dr. Robert L. Spitzer, famoso psiquiatra pede desculpas por estudo sobre "cura" para gays.



O fato foi simplesmente que ele fez tudo errado, e ao final de uma longa e revolucionária carreira, não importava com quanta frequência estivesse certo, o quão poderoso tinha sido ou o que isso significaria para seu legado.

O Dr. Robert L. Spitzer, considerado por alguns como o pai da psiquiatria moderna, que completa 80 anos nesta semana, acordou recentemente às 4 horas da madrugada ciente de que tinha que fazer algo que não é natural para ele.

Ele se esforçou e andou cambaleando no escuro. Sua mesa parecia impossivelmente distante; Spitzer sofre de mal de Parkinson e tem dificuldade para caminhar, se sentar e até mesmo manter sua cabeça ereta.
A palavra que ele às vezes usa para descrever essas limitações –patéticas– é a mesma que empregou por décadas como um machado, para atacar ideias tolas, teorias vazias e estudos sem valor.
Agora, ali estava ele diante de seu computador, pronto para se retratar de um estudo que realizou, uma investigação mal concebida de 2003 que apoiava o uso da chamada terapia reparativa para “cura” da homossexualidade, voltada para pessoas fortemente motivadas a mudar.

O que dizer? A questão do casamento gay estava sacudindo novamente a política nacional. O Legislativo da Califórnia estava debatendo um projeto de lei proibindo a terapia como sendo perigosa. Um jornalista de revista que se submeteu à terapia na adolescência, o visitou recentemente em sua casa, para explicar quão miseravelmente desorientadora foi a experiência.

E ele soube posteriormente que um relatório da Organização Mundial de Saúde, divulgado na quinta-feira (17), considera a terapia “uma séria ameaça à saúde e bem-estar –até mesmo à vida– das pessoas afetadas”.

Os dedos de Spitzer tremiam sobre as teclas, não confiáveis, como se sufocassem com as palavras. E então estava feito: uma breve carta a ser publicada neste mês, na mesma revista onde o estudo original apareceu.

“Eu acredito que devo desculpas à comunidade gay”, conclui o texto.
Perturbador da paz
A ideia de estudar a terapia reparadora foi toda de Spitzer, dizem aqueles que o conhecem, um esforço de uma ortodoxia que ele mesmo ajudou a estabelecer.

No final dos anos 90 como hoje, o establishment psiquiátrico considerava a terapia sem valor. Poucos terapeutas consideravam a homossexualidade uma desordem.

Nem sempre foi assim. Até os anos 70, o manual de diagnóstico do campo classificava a homossexualidade como uma doença, a chamando de “transtorno de personalidade sociopática”. Muitos terapeutas ofereciam tratamento, incluindo os analistas freudianos que dominavam o campo na época.

Os defensores dos gays fizeram objeção furiosamente e, em 1970, um ano após os protestos de Stonewall para impedir as batidas policiais em um bar de Nova York, um grupo de manifestantes dos direitos dos gays confrontou um encontro de terapeutas comportamentais em Nova York para discutir o assunto. O encontro foi encerrado, mas não antes de um jovem professor da Universidade de Columbia sentar-se com os manifestantes para ouvir seus argumentos.

“Eu sempre fui atraído por controvérsia e o que eu ouvi fazia sentido”, disse Spitzer, em uma entrevista em sua casa na semana passada. “E eu comecei a pensar, bem, se é uma desordem mental, então o que a faz assim?”

Ele comparou a homossexualidade com outras condições definidas como transtornos, tais como depressão e dependência de álcool, e viu imediatamente que as últimas causavam angústia acentuada e dano, enquanto a homossexualidade frequentemente não.

Ele também viu uma oportunidade de fazer algo a respeito. Spitzer era na época membro de um comitê da Associação Americana de Psiquiatria, que estava ajudando a atualizar o manual de diagnóstico da área, e organizou prontamente um simpósio para discutir o lugar da homossexualidade.

A iniciativa provocou uma série de debates amargos, colocando Spitzer contra dois importantes psiquiatras influentes que não cediam. No final, a associação psiquiátrica ficou ao lado de Spitzer em 1973, decidindo remover a homossexualidade de seu manual e substituí-la pela alternativa dele, “transtorno de orientação sexual”, para identificar as pessoas cuja orientação sexual, gay ou hétero, lhes causava angústia.

Apesar da linguagem arcana, a homossexualidade não era mais um “transtorno”. Spitzer conseguiu um avanço nos direitos civis em tempo recorde.

“Eu não diria que Robert Spitzer se tornou um nome popular entre o movimento gay mais amplo, mas a retirada da homossexualidade foi amplamente celebrada como uma vitória”, disse Ronald Bayer, do Centro para História e Ética da Saúde Pública, em Columbia. “‘Não Mais Doente’ foi a manchete em alguns jornais gays.”

Em parte como resultado, Spitzer se encarregou da tarefa de atualizar o manual de diagnóstico. Juntamente com uma colega, a dra. Janet Williams, atualmente sua esposa, ele deu início ao trabalho. A um ponto ainda não amplamente apreciado, seu pensamento sobre essa única questão –a homossexualidade– provocou uma reconsideração mais ampla sobre o que é doença mental, sobre onde traçar a linha entre normal e não.

O novo manual, um calhamaço de 567 páginas lançado em 1980, se transformou em um best seller improvável, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Ele estabeleceu instantaneamente o padrão para futuros manuais psiquiátricos e elevou seu principal arquiteto, então próximo dos 50 anos, ao pináculo de seu campo.

Ele era o protetor do livro, parte diretor, parte embaixador e parte clérigo intratável, rosnando ao telefone para cientistas, jornalistas e autores de políticas que considerava equivocados. Ele assumiu o papel como se tivesse nascido para ele, disseram colegas, ajudando a trazer ordem para um canto historicamente caótico da ciência.

Mas o poder tem seu próprio tipo de confinamento. Spitzer ainda podia perturbar a paz, mas não mais pelos flancos, como um rebelde. Agora ele era o establishment. E no final dos anos 90, disseram amigos, ele permanecia tão inquieto como sempre, ávido em contestar as suposições comuns.

Foi quando se deparou com outro grupo de manifestantes, no encontro anual da associação psiquiátrica em 1999: os autodescritos ex-gays. Como os manifestantes homossexuais em 1973, eles também se sentiam ultrajados por a psiquiatria estar negando a experiência deles –e qualquer terapia que pudesse ajudar.

A terapia reparativa


A terapia reparativa, às vezes chamada de terapia de “conversão” ou “reorientação sexual”, é enraizada na ideia de Freud de que as pessoas nascem bissexuais e podem se mover ao longo de um contínuo de um extremo ao outro. Alguns terapeutas nunca abandonaram a teoria e um dos principais rivais de Spitzer no debate de 1973, o dr. Charles W. Socarides, fundou uma organização chamada Associação Nacional para Pesquisa e Terapia da Homossexualidade (Narth, na sigla em inglês), no sul da Califórnia, para promovê-la.

Em 1998, a Narth formou alianças com grupos de defesa socialmente conservadores e juntos eles iniciaram uma campanha agressiva, publicando anúncios de página inteira em grandes jornais para divulgar histórias de sucesso.

“Pessoas com uma visão de mundo compartilhada basicamente se uniram e criaram seu próprio grupo de especialistas, para oferecer visões alternativas de políticas”, disse o dr. Jack Drescher, psiquiatra em Nova York e coeditor de “Ex-Gay Research: Analyzing the Spitzer Study and Its Relation to Science, Religion, Politics, and Culture”.

Para Spitzer, a pergunta científica no mínimo valia a pena ser feita: qual era o efeito da terapia, se é que havia algum? Estudos anteriores tinham sido tendenciosos e inconclusivos.

“As pessoas me diziam na época: ‘Bob, você vai arruinar sua carreira, não faça isso’”, disse Spitzer. “Mas eu não me sentia vulnerável.”

Ele recrutou 200 homens e mulheres, dos centros que realizavam a terapia, incluindo o Exodus International, com sede na Flórida, e da Narth. Ele entrevistou cada um profundamente por telefone, perguntando sobre seus impulsos sexuais, sentimentos, comportamentos antes e depois da terapia, classificando as respostas em uma escala.

Spitzer então comparou os resultados de seu questionário, antes e depois da terapia. “A maioria dos participantes relatou mudança de uma orientação predominante ou exclusivamente homossexual antes da terapia, para uma orientação predominante ou exclusivamente heterossexual no ano passado”, concluiu seu estudo.

O estudo –apresentado em um encontro de psiquiatria em 2001, antes da publicação– tornou-se imediatamente uma sensação e grupos de ex-gays o apontaram como evidência sólida de seu caso. Afinal aquele era Spitzer, o homem que sozinho removeu a homossexualidade do manual de transtornos mentais. Ninguém poderia acusá-lo de tendencioso.

Mas líderes gays o acusaram de traição e tinham suas razões.

O estudo apresentava problemas sérios. Ele se baseava no que as pessoas se lembravam de sentir anos antes –uma lembrança às vezes vaga. Ele incluía alguns defensores ex-gays, que eram politicamente ativos. E não testava uma terapia em particular; apenas metade dos participantes se tratou com terapeutas, enquanto outros trabalharam com conselheiros pastorais ou em grupos independentes de estudos da Bíblia.

Vários colegas tentaram impedir o estudo e pediram para que ele não o publicasse, disse Spitzer.

Mas altamente empenhado após todo o trabalho, ele recorreu a um amigo e ex-colaborador, o dr. Kenneth J. Zucker, psicólogo-chefe do Centro para Vício e Saúde Mental, em Toronto, e editor do “Archives of Sexual Behavior”, outra revista influente.

“Eu conhecia o Bob e a qualidade do seu trabalho, e concordei em publicá-lo”, disse Zucker em uma entrevista na semana passada.

O artigo não passou pelo habitual processo de revisão por pares, no qual especialistas anônimos avaliam o artigo antes da publicação.

“Mas eu lhe disse que o faria apenas se também publicasse os comentários” de resposta de outros cientistas para acompanhar o estudo, disse Zucker.

Esses comentários, com poucas exceções, foram impiedosos. Um citou o Código de Nuremberg de ética para condenar o estudo não apenas como falho, mas também moralmente errado.

“Nós tememos as repercussões desse estudo, incluindo o aumento do sofrimento, do preconceito e da discriminação”, concluiu um grupo de 15 pesquisadores do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, do qual Spitzer era afiliado.

Spitzer não deixou implícito no estudo que ser gay era uma opção, ou que era possível para qualquer um que quisesse mudar fazê-lo com terapia. Mas isso não impediu grupos socialmente conservadores de citarem o estudo em apoio a esses pontos, segundo Wayne Besen, diretor executivo da Truth Wins Out, uma organização sem fins lucrativos que combate o preconceito contra os gays.

Em uma ocasião, um político da Finlândia apresentou o estudo no Parlamento para argumentar contra as uniões civis, segundo Drescher.

“Precisa ser dito que quando este estudo foi mal utilizado para fins políticos, para dizer que os gays deviam ser curados –como ocorreu muitas vezes. Bob respondia imediatamente, para corrigir as percepções equivocadas”, disse Drescher, que é gay.

Mas Spitzer não conseguiu controlar a forma como seu estudo era interpretado por cada um e não conseguiu apagar o maior erro científico de todos, claramente atacado em muitos dos comentários: simplesmente perguntar para as pessoas se elas mudaram não é evidência de mudança real. As pessoas mentem, para si mesmas e para os outros. Elas mudam continuamente suas histórias, para atender suas necessidades e humores.

Resumindo, segundo quase qualquer medição, o estudo fracassou no teste do rigor científico que o próprio Spitzer foi tão importante em exigir por muitos anos.
“Ao ler esses comentários, eu sabia que era um problema, um grande problema, e um que eu não podia responder”, disse Spitzer. “Como você sabe que alguém realmente mudou?”

Reconhecimento


Foram necessários 11 anos para ele reconhecer publicamente.

Inicialmente ele se agarrou à ideia de que o estudo era exploratório, uma tentativa de levar os cientistas a pensarem duas vezes antes de descartar uma terapia de cara. Então ele se refugiou na posição de que o estudo se concentrava menos na eficácia da terapia e mais em como as pessoas tratadas com ele descreviam mudanças na orientação sexual.

“Não é um pergunta muito interessante”, ele disse. “Mas por muito tempo eu pensei que talvez não tivesse que enfrentar o problema maior, sobre a medição da mudança.”

Após se aposentar em 2003, ele permaneceu ativo em muitas frentes, mas o estudo da terapia reparativa permaneceu um elemento importante das guerras culturais e um arrependimento pessoal que não o deixava em paz. Os sintomas de Parkinson pioraram no ano passado, o esgotando física e mentalmente, tornando ainda mais difícil para ele lutar contra as dores do remorso.

E, em um dia em março, Spitzer recebeu um visitante. Gabriel Arana, um jornalista da revista “The American Prospect”, entrevistou Spitzer sobre o estudo sobre terapia reparativa. Aquela não era uma entrevista qualquer; Arana se submeteu à terapia reparativa na adolescência e o terapeuta dele recrutou o jovem para o estudo de Spitzer (Arana não participou).

“Eu perguntei a ele sobre todos os seus críticos e ele disse: ‘Eu acho que eles estão certos’”, disse Arana, que escreveu sobre suas próprias experiências no mês passado. Arana disse que a terapia reparativa acabou adiando sua autoaceitação e lhe induziu a pensamentos de suicídio. “Mas na época que fui recrutado para o estudo de Spitzer, eu era considerado uma história de sucesso. Eu teria dito que estava fazendo progressos.”

Aquilo foi o que faltava. O estudo que na época parecia uma mera nota de rodapé em uma grande vida estava se transformando em um capítulo. E precisava de um final apropriado –uma forte correção, diretamente por seu autor, não por um jornalista ou colega.

Um esboço da carta já vazou online e foi divulgado.

“Você sabe, é o único arrependimento que tenho; o único profissional”, disse Spitzer sobre o estudo, perto do final de uma longa entrevista. “E eu acho que, na história da psiquiatria, eu não creio que tenha visto um cientista escrever uma carta dizendo que os dados estavam lá, mas foram interpretados erroneamente. Que tenha admitido isso e pedido desculpas aos seus leitores.”

Ele desviou o olhar e então voltou de novo, com seus olhos grandes cheios de emoção. “Isso é alguma coisa, você não acha?”
Tradutor: George El Khouri AndolfatoReportagem: Benedict CareyFonte: The New York Times, em Princeton (EUA)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Estudo tenta provar eficácia das Terapias de Reversão mas não convence cientistas.





Um estudo desenvolvido por pesquisadores de duas universidades religiosas diz que algumas pessoas podem mudar sua orientação sexual depois de passarem anos por um programa ministerial.
“Evidências do estudo sugerem que a mudança da orientação homossexual parece possível para alguns e que o desgaste psicológico não aumentou, em média, como resultado do envolvimento no processo de mudança”  escreveram os autores de um estudo publicado no The Journal of Sex and Marital Therapy (Jornal de Terapia Sexual e Conjugal).
(Como se fosse mérito o fracasso na terapia dos outros "uns" que não conseguem e o desgaste psicológico dos demais que passaram pelo tratamento e ficaram fora da "média".)

Os autores são psicólogos que trabalham em universidades religiosas. Stanton Jones é um professor de psicologia e reitor da Wheaton College em Wheaton, Illinois, e Mark Yarhouse é professor de saúde mental na Regent University, em Virginia Beach, que foi fundada pelo tele-evangelista Pat Robertson. (Já falamos sobre o filho e o neto gay de Pat aqui no blog).

As conclusões de seu estudo têm sido desafiadas por outros pesquisadores que dizem que a massa de evidência existente indica que a orientação sexual não muda. Blogs de "gay advocacy" (defesa dos homossexuais) também têm discutido as conclusões.
O estudo de Jones e Yarhouse acompanhou 65 participantes ao longo de seis a sete anos enquanto eles frequentavam os Ministérios Exodus, um programa religioso para "indivíduos e famílias impactados pela homossexualidade." Os indivíduos que frequentam o programa buscam alcançar "a libertação da homossexualidade através do poder de Jesus Cristo", de acordo com a Exodus.“É um estudo para pessoas que são altamente religiosas e que estão desgastadas pela experiência de atração," disse Yarhouse.  “Elas querem saber, é pelo menos possível?  O que eu poderia experimentar se eu entrasse num ministério baseado em religião?”
Inicialmente, o estudo cadastrou 98 indivíduos, mas 35 deixaram o programa. Alguns que desistiram do estudo disseram que haviam sido "curados de todas as inclinações homossexuais," e uma pessoa havia abraçado de novo sua identidade gay, de acordo com o estudo. Os cursos foram oferecidos em 16 locais ao redor dos Estados Unidos e acontecia em grupos pequenos, passando tempo em oração e leitura da Bíblia.
Os autores do estudo acompanharam "o processo de mudança" dos participantes conduzindo entrevistas anuais, fazendo as mesmas perguntas sobre atração sexual,  paixões emocionais e românticas e fantasias sexuais. Eles usaram escalas desenvolvidas pelo sexólogo Alfred Kinsey e outra medida chamada  escala Shively-DeCecco. A hipótese de Jones e Yarhouse's era de que a orientação sexual é mutável.
Depois de acompanharem os participantes por seis a sete anos de programa religioso, eles concluíram que 23% das pessoas que permaneceram no estudo tiveram êxito em mudar sua orientação sexual para a heterossexualidade. E  30% voltaram-se para a castidade, sobre o que Yarhouse disse que foi "uma redução da atração sexual.” Também, 23% não responderam ao tratamento do ministério,  20% assumiram sua orientação homossexual e o percentual restante relatou confusão. “As conclusões desse estudo parecem contradizer a visão comumente expressa de que a orientação sexual não é mutável," escreveu o autor.
A Associação Americana de Psicologia (APA) declarou em 2005 que a homossexualidade não é mutável. A associação havia também declarado que não havia evidência de que terapia reparadora ou conversão com o objetivo de mudar a orientação sexual fosse segura ou efetiva.
“A APA estava fazendo declarações muito fortes de que a orientação sexual realmente não muda e que tentativas nessa direção seriam prejudiciais, disse Yarhouse. “Eles estavam apresentando alegações absolutistas sobre essa imutabilidade de orientação e grande risco de malefício. Estas eram questões ideais para pesquisa.  As pessoas podem mudar? Ou é verdadeiramente uma característica imutável?”

Eli Coleman, professor e diretor de Sexualidade Humana na faculdade de medicina da  Universidade de Minnesota mostrou-se cético sobre as conclusões. “Temos passado por isso de novo e de novo" - disse ele. "Você pode conseguir mudanças comportamentais, mas isso não é mudança de orientação. Você pode conseguir mudanças comportamentais de curta duração. Isso não se sustenta.”
Yarhouse enfatizou que sua pesquisa acompanhou os participantes por vários anos. Ele informou que existem muitos na comunidade LGBT que consideram programas de conversão religiosa "profundamente ofensivos." Mas ele disse que existem pessoas gays que desejam mudar e não abraçam a identidade gay ou a comunidade gay. “Eu gostaria de ver organizações de saúde mental mostrarem mais respeito pela diversidade sobre como uma pessoa escolhe viver sua vida e vivê-la,” disse Yarhouse.
O estudo poderia estar confundindo identidade sexual e orientação sexual, o que são coisas totalmente diferentes, disse o Dr. Jack Drescher, um professor associado de psiquiatria na New York Medical College (Faculdade de Medicina de Nova York).
Orientação sexual se refere a por que uma pessoa se sente atraída, e na maioria dos casos, não muda, disse ele.  mas identidade sexual é como uma pessoa se sente sobre sua orientação e sentimentos sexuais, disse Drescher.
Por exemplo, um homem poderia sentir-se fortemente atraído por homens, mas não se identificar como gay. Ele poderia mudar o modo como se identifica, fosse como gay ou hétero ao longo de sua vida. mas orientação sexual geralmente não muda."Eu não penso que tenhamos nada realmente novo aqui" - disse Coleman.  "Temos sabido por algum tempo que algumas pessoas são capazes de mudar seu comportamento e sua percepção de sua identidade sexual através dessas tentativas de conversão."
Drescher disse que a maioria das evidências científicas existentes não sustentam as recentes conclusões do estudo.“Eu penso que os autores são tendenciosos" - disse Drescher.  “Todos têm alguma parcialidade. Por isso é que temos acúmulo de informações e estas não dão suporte às informações deles.” “Existem estudos revisados por colegas na literatura e a soma total dessa literatura não indica que esses tratamentos sejam eficazes”, disse ele.  “Se um estudo que surge parece contradizer a massa de pesquisa científica provando que as pessoas podem mudar - isso é interessante, eles podem replicá-lo?”
Drescher também disse que o estudo não explora se a bissexualidade desempenhou um papel nas reportadas mudanças de orientação sexual.

Ele discordou que as conclusões de que terapias religiosas não prejudicam as pessoas, dizendo que ele mesmo teve vários pacientes que culpavam a si mesmos depois de falharem em programas, caindo em depressão, ansiedade e pensamentos suicidas.

“Eles ouvem que é problema deles se eles não mudarem,” disse Drescher. “Quando falha, como falha na maioria dos casos, eles se sentem como fracassados, depois de terem gasto tempo, esforço e dinheiro. “Algumas dessas pessoas, seguindo o conselho de terapeutas, casam-se, então têm filhos. Pessoas gays têm se casado. Quando eles se casam, não mudam. O que fazem, continuam casados?  Essa é uma questão complicada.”


Traduzido por Sergio Viula para o blog  Fora do Armário

domingo, 16 de outubro de 2011

A Bíblia como ela é! (Segunda Parte, O Novo Testamento).




Moisés? Apóstolo Paulo? João Batista? Davi? Quem realmente escreveu livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de DeusO que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra? Traduções, edições, a bíblia modificada através dos tempos e as Culturas que a influenciaram. 


Leia a primeira parte da série aqui.
... Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.
E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (“boa-nova”), é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.
A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados (e por isso possivelmente tendo seus originais modificado a cada recópia) à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século 4, tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de couro encadernadas, ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?
Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.
A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião.

É sobre a Bíblia de Marcião, a terceira parte da nossa série. Aguardem!
Fonte: Revista Superinteressante.

domingo, 29 de maio de 2011

Psicóloga é condenada por receitar orações para "curar" gays.


Patrick Strudwick se passou por um homossexual confuso e que precisava de ajuda, ativista LGBT e jornalista do The Guardian, passou 2 anos frequentando clínicas que ofereciam tratamentos de reversão e agora luta para denúnciar tais práticas na Grã Bretanha.

The Guardian, 27/05/2011:


Terapias de Reversão: ela tentou me fazer "orar afastando o homossexualismo." Dois anos atrás, Patrick Strudwick começou a desafiar os terapeutas que alegaram que poderia mudar a sexualidade de um paciente. Esta semana, ele venceu sua batalha contra um.

Ele os descreveu como "irresponsáveis", "desrespeitosos", "dogmáticos" e "pouco profissionais". Por quê? A psicoterapeuta Lesley Pilkington tinha tentado transformar um homossexual em hetero.
Esta semana, Lesley Pilkington, 60 anos, foi considerada culpada de "tratar" um paciente de sua homossexualidade. A audiência na Associação Britânica de Aconselhamento e Psicoterapia - a maior organização profissional para terapeutas da Grã- Bretanha concluiu que o tratamento se constituí um "procedimento profissional condenável".
O veredicto unânime veio com pesadas sanções. O registro da Pilkington na Associação foi suspenso. Ela foi obrigada a completar um treinamento extensivo de desenvolvimento profissional. Se ela não apresentar um relatório dentro de seis a 12 meses, satisfazendo o conselho apresentando o que foi pedido, ela terá seu registro totalmente revogado e será expulsa da Associação.
O relatório concluiu: "A senhora Pilkington deixou sua ideias pessoais e preconceituosas sobre o estilo de vida gay e orientação sexual de seu paciente afetar a sua relação profissional de uma forma que é prejudicial."
O cliente que Pilkington tentou curar era eu. Eu sou um homem gay assumido e feliz. Estava disfarçado, investigando os terapeutas que praticam essa terapia chamada conversão (também conhecida como terapia reparativa, (ou terapia de reversão sexual aqui no brasil)) - que tentam "orar para afastar o espírito de homossexualismo". Pedi-lhe para me transformar em hetero. Suas tentativas de fazê-lo desprezam cada um dos principais conselhos de saúde  física e mental da Grã-Bretanha.
Mas, apesar de décadas de abuso que os pacientes gays tenham recebido de terapeutas e psiquiatras, terapias electro-convulsivas utilizados até a década de 1980, as castrações química, a terapia de aversão (onde a dor é infligida a dissuadir fantasias do mesmo sexo) e apesar do recente aumento dos fundamentalistas falando em terapias, nunca ninguém foi responsabilizado.
Os pormenores deste caso, e de outro que eu estou atrás, explicam porque não só os clientes gays, mas os pacientes de saúde mental em geral, não se apresentam para reclamar. Os psiquiatras e psicoterapeutas rotineiramente evitam a responsabilidade e o governo está ajudando-os a fazê-lo.
Minha investigação começou em abril de 2009. Ouvi dizer que haveria uma conferência em algum lugar de Londres, por terapeutas e psiquiatras que queriam aprender a converter os seus pacientes para a heterossexualidade. A homossexualidade foi removida do glossário da psiquiatria de doenças mentais em 1973. Como, então, alguém poderia tratar algo saudável? Eu fui junto para descobrir, posando como alguém que procurava ser "curado". Duas pessoas concordaram em me tratar. O primeiro foi um psiquiatra, nós iremos a ele mais tarde. O segundo foi a Lesley Pilkington.
Algumas semanas depois eu estava em sua casa com um equipamento de gravação escondido no meu estômago. Ela começou a tentar encontrar a criança "ferida" que ela acreditava que levou a minha homossexualidade. Mas ela não o achou. "Não houve abuso sexual?" ela apertou. "Não."
"Eu acho que há algo lá... Você permitiu que as coisas fossem feitas para você?" Ela então pediu: "Pai, dai-nos permissão para trazer à tona algumas das coisas que aconteceram ao longo dos anos."Perguntei quem poderia ter cometido esse abuso - um membro da minha família? "Sim, muito provável", respondeu ela.
A homossexualidade foi causada por uma doença mental, um vício ou um fenômeno anti-religioso? "É tudo isso", disse Pilkington. Durante as sessões, ela recitou que fossem feitas orações sempre que eu pensasse sexualmente em um homem. Ela me deu dicas de como ser heterossexual, como jogar rugby, se abster de masturbação e me distanciar de amigos gays.
Quando os resultados da minha investigação foram publicados ano passado no The Independent , que provocou indignação generalizada. Até porque Pilkington afirmaram que ela tinha tido referências para "tratar" os clientes gays do consultório médico do NHS para o qual ela estava filiada. Como resultado da investigação, a British Medical Association aprovou uma moção condenando a terapia de conversão e chamando o NHS para investigar os casos em que podem ter inadvertidamente cobrado por eles.
Pouco antes de sua publicação, em Janeiro de 2010, fiz uma reclamação formal sobre a Pilkington junto a BACP. Mas até o Outono passado, pouco havia acontecido. Três datas para uma audiência foram feitas e, em seguida, canceladas. O BACP, que tem 32.000 membros, explicou que eles não conseguiram encontrar as pessoas para o júri. Por quê? "O parecer jurídico que nos foi dado é que os membros do juri não podem ser muito religiosos, mas nem podem ser abertamente pró-gay", disse Fay Reaney do departamento de conduta profissional. Assim, como em uma denúncia sobre o racismo eles, portanto, não permitem alguém no juri que se opõe fortemente ao racismo? "Este é o conselho que nos foi dado", respondeu ela.
Uma nova data - 20 de janeiro - foi confirmada. Quatro dias antes da audiência Pilkington deu uma entrevista ao Sunday Telegraph , que contraria as recomendações da BACP que nenhuma das partes poderiam falar publicamente sobre o caso. Eu não tinha o nome dela em meu artigo original. Ela então foi ao rádio falar sobre isso. Em resposta à divulgação da Pilkington, 48 horas antes da audiência marcada, o BACP suspendeu e emitiu tanto para um quanto para o outro os acordos de confidencialidade.
Os acordos assinados teriam evitado um ou outro lado de falar sobre o caso. Minha advogada, Sarah Bourke, me aconselhou a não assinar. Mas eu não podia decidir. Eu não queria arriscar o caso, mas valeria a pena prosseguir se nunca pudesse ser discutido publicamente? O BACP não quis me dizer o que aconteceria se eu me recusasse a assinar.
Enquanto isso, representantes da Pilkington - a Christian Legal Centre - faziam reivindicações intrigantes. No dia em que a audiência teria ocorrido, eles afirmaram que ela foi adiada porque uma das testemunhas de defesa tinha sido objeto de "telefonemas ameaçadores, com ameaças e intimidação". Eu era a única pessoa nomeada em seu depoimento de advogados. Apesar de ter apresentado o depoimento de várias testemunhas, eu nunca soube seus nomes e o BACP não chamou qualquer um deles.
Mas o Daily Mail publicou uma reportagem independente: "Julgamento de terapeuta que tentou 'curar' gay é interrompida após" testemunha de defesa ser intimidada", gritava a manchete. Inúmeros sites cristãos repetiram as acusações. Pilkington continuou a dar entrevistas e fez uma palestra em outra conferência de terapias de conversão em Londres. Com os acordos assinados, o BACP decidiu ir em frente apesar de tudo. Qual foi o motivo de interromper o caso por quatro meses? O BACP não explicaria.
Por último, a data foi definida. Durante a audiência, a Pilkington disse que ainda "sente que há uma necessidade" da minha homossexualidade ser tratada. O juri perguntou-lhe se era uma boa prática dizer a alguém que tinha afirmado que não tinha sido abusado sexualmente: "Você deixava as coisas serem feitas com você?" Ela respondeu: "Não vi desse jeito".
O juri perguntou sobre sua crença de que a homossexualidade era errado, pecaminosa ou não natural. "Ah, sim", respondeu ela. "Não há dúvida sobre isso... Mas há uma saída."
Pilkington revelou que ela estava tentando converter um outro cliente gay para a heterossexualidade. Mas agora que ela está "mais experiente" sobre isso, ela usa um contrato adaptado de uma organização de terapia de conversão, com sede nos EUA. Igualmente surpreendente, no entanto, foi o que o juri perguntou-me: em que base eu afirmo que o BACP era publicamente contrário à terapia de conversão? Eu li em voz alta a carta que o BACP tinha escrito para o The Guardian em 2009, descreve a terapia como "absurda" e afirmando que ela "faz as pessoas com pensamentos homossexuais sofrerem de dor extra". O juri não tinha conhecimento da carta e da posição do BACP sobre o assunto. Após o almoço, o presidente anunciou que iria ignorar a declaração "não sei quem autorizou".
Conforme a audiência prosseguia, eu descobria a tensão que todos as vítimas passaram. Eu era interrogado longamente pelo advogado da Pilkington e pelo juri. Como é que alguém com problemas de saúde mental iria lidar com isso? E não é só os desafios emocionais que poderiam impedir as vítimas. Sem ser bem educado e ter assistência jurídica gratuita para interpretar a literatura jargão densa do BACP e letras legais, eu teria achado o incompreensível e intimidante processo.
A decisão do BACP no caso Pilkington, no entanto, ajudou a tranquilizar as vítimas da terapia de reversão. Desde o meu primeiro artigo publicado, dezenas de pessoas entraram em contato comigo descrevendo suas experiências. Jovens cujos pais tinham forçado a residência em casas de recuperação para 'curar gays", homens de meia-idade e mulheres que desperdiçaram décadas tentando ser hetero. Várias pessoas que tentaram o suicídio. Um rapaz me mostrou as cicatrizes de automutilação em seus braços. Eu pensava neles todos os dias.
Mas, embora este caso, servira como um precedente, não resolve o problema mais vasto. Mesmo Pilkington sendo condenada e sendo completamente desligada, ela ainda seria capaz de continuar a praticar reversão. Qualquer pessoa pode reivindicar ser um terapeuta na Grã-Bretanha, porque não há regulamentação estatal da profissão. "Psicoterapeuta" e "conselheiro" não são títulos protegidos. O BACP é uma auto-regulamentação, órgão independente. Ninguém precisa ser um membro. (No brasil você pode denunciar esses maus terapeutas pois o Conselho Federal de Psicologia tem uma resolução que condena quem pratica tais serviços).
O governo anterior havia planejado regular conselheiros e psicoterapeutas, colocando-os sob a mesma regulamentação dos Profissões de Saúde, em consonância com outros profissionais de saúde que já estão lá, como podólogos e arteterapeutas. Isso teria permitido uma oferta do órgão central para normalizar códigos de conduta. Mas, ao contrário do conselho do 
mental-health charities  a coligação decidiu não fazer isso. Em vez disso, o HPC irá introduzir um registo facultativo para os terapeutas.
Mas há uma outra discussão perturbadora nessa história: a de um psiquiatra. Seu nome é Dr. Paul Miller. Após encontrá-lo na conferência de Londres, como ele vive em Belfast ele concordou em "tratar" minha homossexualidade via Skype. Ele alega ter "resolvido" a sua própria sexualidade em conflito e agora está casada e com filhos.
Miller disse-me que a homossexualidade "representa uma patologia". Ele acrescentou: "Os homens que estavam tendo relações sexuais com outros homens ou se apaixonando por outros homens são tão ferido quanto você." Ele concluiu que, pelo meu pai ser materialista, e eu sempre ter sido mais criativo, isso impediu o "processo de afirmação de gênero" que por sua vez levou à minha sexualização por homens.
Seu conselho era para eu fazer massagens com massagistas do sexo masculino e ficar na frente do espelho nu, tocando-me, assim de alguma forma minha masculinidade / heterossexualidade seria afirmada. Ele me disse para visualizar uma luz vermelha quando estivesse excitado: "Eu quero que você mova o vermelho de seus genitais para o seu peito", disse ele.
Queixei-me ao General Medical Council (Royal College of Psychiatrists não tem competência para processos disciplinares). O RCPsych declarou: "Não há nenhuma evidência científica sólida que a orientação sexual pode ser mudada." No entanto, o GMC deixou Miller sem sequer um aviso, de fato, sem nenhuma audiência.
Depois de receber a minha reclamação que nomeou um psiquiatra - cuja identidade foi redigida - para escrever uma reportagem sobre a prova gravada que apresentei. O ponto central do relatório é que as práticas terapêuticas convencionais utilizados por muitos psicoterapeutas têm "muito ou pouca evidência científica" como a terapia de reversão. 
E ainda assim a terapia reparativa é baseada no trabalho da auto-proclamada psicóloga Elizabeth Moberly, que não é graduada em psicologia mas em Teologia, e cujas teorias não eram baseados em pesquisas clínicas. O documento, que é o guia profissional de orientação, Boa Prática Psiquiátrica , a que todos os psiquiatras são obrigados, afirma: "Um psiquiatra deve prestar cuidados que não discrimina e é sensível às questões da orientação sexual." O relatório do GMC relacionado à minha experiência conclui: "Eu não considero que as ações do Dr. Miller eram inconsistentes com as Boas Práticas de Psiquiatria." Vou recorrer.
A reação ao relatório foi desenfreado. O psiquiatra e escritor Dr. Max Pemberton disse-me:.. "A decisão do GMC é escandalosa a terapia de conversão tem sido demonstrada de forma consistente que é perigosa e prejudicial É uma vergonha que um médico qualificado esteja envolvido em tal prática, é uma vergonha ainda maior que o GMC não parece sentir que estes merece a sua atenção."
Um estudo realizado em 2002 nos EUA pelos psicólogos clínicos Ariel Shidlo e Shroeder Michael descobriu que 55% dos pacientes tiveram danos psicológicos na terapia de conversão, cujos resultados incluíram depressão e tentativas de suicídio.
Além disso, como Michael King, professor de psiquiatria na UCL, aponta: "Há um erro na lógica do GMC: a homossexualidade não é um diagnóstico que, portanto, oferecer qualquer tipo de tratamento pode ser prejudicial." Ele acrescentou: "A auto-regulação é um problema, profissões são introspectivas. As pessoas não gostam de criticar uns aos outros..."
Mas até que o governo intervénha, a auto-regulamentação continuará a proteger os psiquiatras e terapeutas. Pacientes insatisfeitos, entretanto, serão impedido de reclamar.
Dr Miller ainda está praticando em sua clínica, em Belfast. Lesley Pilkington pode continuar a levar pacientes a orar a Deus para "trazer à superfície" seus traumas inexistente.
Ninguém pode impedi-los.  
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...