domingo, 24 de junho de 2012

Mitos Religiosos Sobre a Sexualidade: Sodomia


Artigo copiado do blog Teologia Inclusiva, por Alexandre Feitosa.

Muitos mitos são construídos sobre pesados escombros, consequentemente, basta removê-los para que o alto edifício dos velhos e falsos conceitos caia por terra. O significado de sodomia que hoje lemos nos melhores dicionários não passa de produto de um equívoco que dura séculos e insiste em permanecer de pé: sodomia como sinônimo de homossexualidade. Como assim? Nossos filólogos estão todos equivocados? De certa forma, sim. Vejamos um exemplo, retirado do Dicionário de sinônimos e antônimos da Editora Melhoramentos, página 567: Sodomia sf pederastia, homossexualismo, homossexualidade, inversão.
O equívoco deve-se a uma construção histórico-doutrinária muito antiga. Tudo começou há mais de 2000 anos, com o filósofo judeu-helenista Filo de Alexandria (25 a.C – 50 d.C). O relato de Filo é solitário em meio a tantos outros documentos. Ele é o único a mencionar atos homogenitais entre homens em Sodoma. Qual a base desse relato? Certamente Filo foi influenciado pela visão, comum na época, de que a única finalidade do sexo era a procriação. Juntando isso a uma leitura equivocada de Gênesis 19 não deu outra! Séculos mais tarde, Tomás de Aquino arrematou o equívoco, popularizando o termo “sodomita” como o praticante da sodomia, ou seja, sexo anal entre homens. Não há registros bíblicos de práticas genitoanais em Sodoma ou nas cidades circunvizinhas. O episódio relatado em Gênesis 19 não passou de uma tentativa frustrada de abuso, o que não reflete a realidade da homossexualidade enquanto orientação sexual. Você pode estar dizendo: “mas a própria Bíblia faz essa associação, está lá, em 1ª Coríntios”! Há uma grande diferença entre o que diz o texto original e o que dizem as traduções, muitas delas, repletas de erros. De fato, as traduções modernas utilizam tal termo, entretanto, tal vocábulo não encontra raízes etimológicas no hebraico gentílico, ou seja, sidom, o habitante ou natural de Sodoma. Um dos grandes problemas dos eruditos, pois não há consenso quanto ao significado original, o termo grego utilizado pelo apóstolo Paulo (em 1ª Coríntios 6.9 e 1ª Timóteo 1.10) não apresenta nenhuma relação com o gentílico hebraico, de modo que as traduções modernas baseiam-se em uma visão errônea do relato de Gênesis, reforçada por escassas interpretações antigas dos reais pecados dos sodomitas. Menções aos pecados de Sodoma são abundantes, tanto nos livros da Bíblia protestante, quanto nos livros deuterocanônicos – das edições católicas – isso sem mencionar os livros apócrifos e outras fontes históricas, todas elas concordando entre si com o que dizem as Escrituras, ou seja, nenhuma palavra sequer sobre homossexualidade. Então, o que, de fato, nos ensina a Bíblia sobre os sodomitas? Encontraríamos, na atualidade, comportamentos capazes de classificar alguém assim? Certamente. Lendo Gênesis 13.13; 19; Ezequiel 16.49; Isaías 1.10-17; Lucas 10.10-12, dentre outras passagens, perceberemos que os verdadeiros sodomitas são aqueles que praticam atos como assassinatos, injustiças, ódio ao estrangeiro, órfãos e viúvas – aqui representação das diferenças e das minorias desvalidas – falta de hospitalidade, soberba, orgulho, desamparo ao pobre e ao necessitado, arrogância, entre tantas outras coisas que Deus abomina. Os verdadeiros sodomitas da atualidade, segundo nos ensina a Bíblia, são todos aqueles que praticam essas e outras atrocidades. Se algum homossexual pratica atos de crueldade como os mencionados acima, teremos autoridade bíblica para classificá-lo como sodomita, agora, classificar alguém assim com base em sua orientação sexual é um grave erro, bíblico e semântico. Quando Deus exorta Israel em Isaías capítulo 1, traçando um paralelo entre este e Sodoma, está mostrando que os reais sodomitas são aqueles que dizem servi-lo com seus sacrifícios, holocaustos, ofertas e orações. O que isso nos ensina? Que os religiosos e legalistas da modernidade é que são os verdadeiros sodomitas, pois, com suas atitudes excludentes, mascaradas de amor e abnegação, oprimem as minorias, boicotam-lhes os direitos, lutam para perpetuar as injustiças, governam com parcialidade. Qualquer semelhança com nossos líderes religiosos, seus seguidores e representantes políticos, não é mera coincidência!
Artigo constante do livro "Teologia Inclusiva" em fase de conclusão. Um estudo detalhado sobre esse tema pode ser lido em nosso livro "Bíblia e homossexualidade: verdade e mitos".

Comentário deste blog: A própria etimologia da palavra já diz, sodomia... que vem de sodomita, habitante de Sodoma, ou seja, sodomia é o ato de agir como os sodomitas. Que como o Feitosa, no artigo que você acabou de ler tão bem explicou, não eram necessariamente "praticantes da homossexualidade", mas sim de diversas atitudes pecaminosas. De fato essa conexão entre sodomia e homossexualidade se deu por causa do episódio bíblico dos anjos que visitaram Sodoma e por conseguinte da destruição da cidade "por deus", no entanto alguns estudiosos dizem que a história de Sodoma não passa de uma parábola baseada em fenômenos científicos que o homem até então não conseguia explicar, e que ela poderia ter sido baseada na destruição de povoados próximos a vulcões que entraram em erupção. 
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