Mostrando postagens com marcador Católicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Católicos. Mostrar todas as postagens

domingo, 26 de junho de 2011

Sob pressão, Padre Fabio recua e diz não ser a favor da PLC122/2006


Pe. Fábio de Melo, esclareceu no microblog Twitter  sua posição quanto ao PLC 122/2006.
Pe. Fábio inicia dizendo que quer esclarecer algo referente ao seu último programa de televisão, Direção Espiritual, em uma emissora católica. “Minha gente, gostaria de esclarecer alguns pontos do meu ultimo programa DE [Direção espiritual], na CN [Canção Nova]“, escreveu.

Clique na imagem para ampliar.

Veja a sequência de Tweets, na íntegra.
“Estou sendo acusado por algumas pessoas de ter me manifestado a favor da PL 122. Isso é uma mentira. O que fiz foi dizer, que “pregar contra” o que quer que seja, não dá direito ao pregador de ferir a dignidade humana.Todo líder religioso tem o direito de se posicionar contrário ao que não está de acordo com o evangelho, mas isso não inclui ferir, denegrir. Eu ainda acredito que o tratamento respeitoso é o melhor caminho.
Nos 2 lados há pessoas que querem ser ouvidas. O pastor Silas Malafaia falou muito bem sobre sua necessidade de continuar pregando o que crê.Falou com equilíbrio, mostrando que a Lei não pode criminalizar o que as Igrejas dizem a respeito do assunto.
Do outro lado, o deputado Jean alegou que não precisa ouvir que “carrega o diabo no corpo” porque é homessexual.A Igreja nos ensina que precisamos acolher o pecador e rejeitar o pecado. Requer muita sabedoria para essa prática.É isso, minha gente. Só quis esclarecer”.
O sacerdote finaliza com uma bênção. “Vou indo. Que Deus nos abençoe e nos conduza em nossas buscas. Tem sido muito desafiador viver. Mas eu não desisto. Não desista também”, disse.
As declarações em seu programa seguem abaixo:


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Líderes católicos se manifestam a favor da comunidade LGBT


Não são apenas alguns líderes evangélicos, como o Pastor Ricardo Gondim e a Pastora  Odja Barros  que têm se levantado e remado contra a corrente religiosa fundamentalista e homofóbica nos últimos dias. O FREI GILVANDER MOREIRA e o FREI BETO se manifestaram nos últimos dias a favor da comunidade LGBT.




Gilvander Luís Moreira nasceu no sítio Pindaíba, no pequeno município de Rio Paranaíba/MG; é frei e padre carmelita. Licenciatura e-Bacharelado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná, UFPR. Recebeu o Certificado do Coordenador do Curso de Filosofia por ter classificado-se em 1º lugar no curso, obtendo o coeficiente de rendimento de 899 pontos. Bacharelado em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP), filiado ao Pontifício Ateneu Santo Anselmo de Roma, com média de 9.1. Autor da Monografia: COMPAIXÃO-MISERICÓRDIA, uma Espiritualidade que humaniza. Nesta obteve a classificação: "COM LOUVOR". Mestrado em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália, com conclusão em 10 de maio de 2000 e autor da Dissertação de mestrado Exegese Bíblica sobre Lc 10, 25-37: O bom Samaritano.


Frei Betto  (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro, filho do jornalista Antônio Carlos Vieira Christo e da escritora e culinarista Maria Stella Libanio Christo, autora do clássico "Fogão de Lenha - 300 anos de cozinha mineira" (Garamond). Professou na Ordem Dominicana, em 10 de fevereiro de 1966, em São Paulo. Adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, entre 2003 e 2010. Frei Betto, foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir 4 anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para 2 anos. Sua experiência na prisão está relatada no livro "Cartas da Prisão" (Agir), "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco) e Batismo de Sangue (Rocco), traduzido na França e na Itália. O livro foi transposto para o cinema em filme homônimo, lançado em 2006 e dirigido por Helvecio Ratton. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado.

Segue as declarações dos dois:



Frei Gilvander a favor da união homossexual.


Em entrevista a um jornal carioca, a primeira reação do frei Gilvander Moreira, padre mineiro da Ordem dos Carmelitas, ao ser convidado a analisar a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo foi de temor:

"Vou ser reconhecido por quem é de mente mais aberta, mas vou apanhar muito dos dogmáticos e conservadores". Porém, mesmo desconfiado de que pagaria caro pela entrevista, resolveu falar porque "a causa é justa e vale a pena". Mestre em Exegese Bíblica, professor de Teologia e assessor da Comissão Pastoral da Terra, Frei Gilvander disse que o Supremo está de parabéns por tornar visíveis as milhares de uniões homoafetivas do país.


Como o senhor recebeu a decisão do Supremo?

GILVANDER MOREIRA: Com alegria, pois é uma vitória dos movimentos e dos grupos que historicamente vêm lutando pelo direito à liberdade sexual homossexual. Nesse caso, o STF posicionou-se com justiça e equidade. A sociedade está em constante transformação, e esse grupo em questão existe e está no dia a dia vivendo e construindo suas relações à margem da sociedade. Devido a isso, o Direito não podia mais se esconder ou continuar negando esse direito a relações homoafetivas. Foi um exemplo de coragem e cidadania. Tornou-se visível o invisível. Declara-se assim o início do fim da hegemonia da moral heterossexual. Abre caminho para a afirmação, à luz do dia, das mais de 60 mil uniões estáveis entre homossexuais no Brasil, que até aqui pagavam um altíssimo preço pela sua orientação sexual.

Como o senhor vê hoje a situação dos homossexuais no Brasil?

GILVANDER: Segundo o pesquisador Luiz Mott, da UFBA, o mais preocupante é que o registro de violência contra a população LGBT vem aumentando ao longo dos anos. De janeiro a novembro de 2010, Mott contabilizou 205 assassinatos. Estima-se que o número de casos de discriminação da população LGBT atinge entre 10 mil e 12 mil por ano no país.

O senhor considera a sociedade brasileira preconceituosa?

GILVANDER: Infelizmente estamos numa sociedade preconceituosa, intolerante, hipócrita e cínica. Ainda há muito moralismo, fundamentalismos e sectarismos em segmentos conservadores de igrejas e da sociedade, que ficaram irritados e questionam o acerto da decisão. No último Censo, foi declarado que há mais de 60 mil uniões estáveis homoafetivas no Brasil. O movimento que defende os direitos dos homossexuais está crescendo, o que é muito bom. Na decisão do STF , não se pode deixar de destacar e parabenizar a luta deste movimento, que vem marchando pelas ruas e erguendo suas bandeiras.

Já ouviu confissões de pessoas que se declararam homossexuais? Que conselhos costuma dar?

GILVANDER: Já ouvi. Uma, por exemplo, perguntou: "Gostei muito da sua homilia de ontem. Por isso, resolvi me confessar. Frei Gilvander, ser homossexual é pecado?". Disse ainda que tinha lido um livro da Renovação Carismática que dizia que não era pecado ser homossexual, desde que não colocasse em prática o sentimento. Mas a pessoa disse que não tinha como não colocar em prática. Diante disto, preferia até se suicidar. Respondi que, se o elo mais forte de uma corrente é justamente o elo mais fraco, só poderá ser mais justo e aplaudido por Deus o elo enfraquecido e discriminado. Feliz do povo que ouve os clamores dos que fazem outra opção sexual senão a hegemônica. Deus ouve os clamores de todas as pessoas oprimidas. Deus é amor e não discrimina e nem pune ninguém por opção ou orientação sexual. Deus acolhe a todos sem distinção. Eu disse ainda que devemos respeitar todos, mas não podemos respeitar todos da mesma forma. Sentindo-se compreendida e acolhida, a pessoa desistiu do suicídio. Ergueu a cabeça, levantou-se e foi embora.

A união civil entre pessoas do mesmo sexo ameaça a família?

GILVANDER: Penso que não, por vários motivos. São minorias e há uma grande pluralidade de famílias hoje. Há famílias tradicionais; famílias só com mãe e filhos (monoparental); 80 mil famílias sobrevivendo debaixo da lona preta em acampamentos clamando por reforma agrária; milhares de famílias que sobrevivem apertadas em um único quarto de cortiço; milhões de famílias arrochadas em barracos nas favelas; famílias só "marido e mulher", sem filhos. Por que não pode haver também famílias homossexuais?

Há referências diretas ou indiretas na Bíblia sobre o tema?

GILVANDER: Na Bíblia, o primeiro relato da Criação (Gênesis 1,1-2,4a) mostra o ser humano profundamente ligado a todas as criaturas do universo. De uma forma poética, o relato bíblico insiste na fraternidade de fundo que existe entre todos os seres vivos, que são uma beleza. Nas ondas da evolução, Deus, ao criar, sempre se extasia diante de todas as criaturas e exclama: "Que beleza! Bom! Muito bom!" O livro de Atos dos Apóstolos resgata, nas primeiras comunidades cristãs, essa mística ao dizer que não há nada impuro. Tudo é puro, é sagrado.

O que o senhor tem a dizer sobre o uso da camisinha?

GILVANDER: Devemos preservar a nossa vida, a do próximo e a de toda a biodiversidade. Para isso, são necessárias várias coisas, entre as quais o uso da camisinha nas relações sexuais. Por questão de saúde pública e respeito à sacralidade de cada um. Não podemos correr risco de contrair HIV e/ou doenças sexuais que matarão o outro aos poucos. Isso não tem o apoio do Deus da vida. Mas camisinha não é panaceia para todos os males. Enquanto houver sexismo, imoralidades e erotismo trombeteados aos quatro ventos por novelas e filmes, reduzindo a mulher a objeto, infelizmente só usar camisinha será paliativo. É preciso educação de qualidade e elevar o nível cultural do povo.

Sua posição a respeito de tais temas é solitária na Igreja?

GILVANDER: Não. Há muitos teólogos e teólogas, cristãos e cristãs, que partilham conosco essas posições. Todo o povo da Teologia da Libertação. Na Igreja, há membros que comungam conosco dessa visão mais compreensiva com os direitos das minorias. Há igrejas e não apenas uma igreja. Quando membros da Igreja instituição se posicionam de forma moralista, proselitista e autoritária, afugentam muitas pessoas. Mas quando membros da igreja ouvem, dialogam e, inspirados no evangelho de Jesus Cristo, testemunham o grande sonho do Deus, o da vida em liberdade e abundância, cativam muitas pessoas para se engajar em projetos humanizadores.


Os gays e a Bíblia - FREI BETTO


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão;e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.



quarta-feira, 23 de março de 2011

Reportagem do Amai-vos: Diversidade sexual e Igreja, um diálogo possível.



Diversidade sexual e Igreja, um diálogo possível. Entrevista especial com Luís Corrêa Lima

Ao analisar a forma como a Igreja aborda temas como a diversidade sexual, o padre jesuíta Luís Corrêa Lima disse, na entrevista que concedeu por e-mail à IHU On-Line, que “nós só podemos saber o que a Palavra de Deus significa para nós hoje, e que implicações ela tem, com um suficiente conhecimento da realidade atual, que inclui a visibilização da população LGBT”. Ele relembra uma carta do Vaticano aos bispos, do ano de 1986, mencionando que “nenhum ser humano é mero homossexual ou heterossexual. Ele é, acima de tudo, criatura de Deus e destinatário de Sua graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna”.
O pesquisador destaca, ainda, uma declaração do Papa Bento XVI, dizendo que “o cristianismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva”. Segundo ele, o Papa acrescentou "que é muito importante evidenciarmos isso novamente, porque essa consciência hoje quase desapareceu completamente. É muito bom que um Papa tenha reconhecido isto. Há no cristianismo uma tradição multissecular de insistência na proibição, no pecado, na culpa, na condenação e no medo”.
Corrêa Lima frisa que não cabe “encaminhar os gays a terapias de reversão ou a ‘orações de cura’, que frequentemente são formas escamoteadas de exorcismo. No diálogo ecumênico e inter-religioso da Igreja, recomenda-se conhecer o outro como ele quer ser conhecido, e estimá-lo como ele quer ser estimado.
O conhecimento e a estima recíprocos são também o melhor caminho para o diálogo entre a Igreja e o mundo gay”.
E completa: “O grande desafio da diversidade sexual é fazer-se compreender pela sociedade, não como uma ameaça, mas como uma pluralidade existente na condição humana que enriquece o mundo. No fundo, as pessoas querem ser elas mesmas, reconhecidas e aceitas pelos outros”.


Formado em Administração, Filosofia e Teologia, Luís Corrêa Lima também é mestre em História Social da Cultura pela PUC-Rio, onde é professor desde 2004, e doutor em História pela Universidade de Brasília – UnB. É autor de Teologia de Mercado – uma visão da economia mundial no tempo em que os economistas eram teólogos (Bauru: EDUSC, 2001).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a importância de a Igreja abordar temas como a diversidade sexual, nos dias de hoje?
Luís Corrêa Lima – A diversidade sexual é um dado da realidade. No passado, gays, lésbicas e bissexuais viviam no anonimato ou à margem da sociedade. Escondiam-se em uniões heterossexuais e, quando muito, formavam guetos. Hoje, tornam-se visíveis, fazem imensas paradas, junto com travestis e transexuais, exigem respeito e reconhecimento, e reivindicam direitos.
Para a Igreja, a lei de toda a evangelização é pregar a Palavra de Deus de maneira adaptada à realidade dos povos, como lembra o Concílio Vaticano II (Gaudium et Spes, nº 44). Deve haver um intercâmbio vivo e permanente entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos. Para viabilizar este intercâmbio – sobretudo hoje, em que tudo muda tão rapidamente, e os modos de pensar variam tanto – ela necessita da ajuda dos que conhecem bem a realidade atual, sejam eles crentes ou não. O laicato, a hierarquia e os teólogos, prossegue o Concílio, precisam saber ouvir e interpretar as várias linguagens ou sinais do nosso tempo, para avaliá-las adequadamente à luz da Palavra de Deus, de modo que a Revelação divina seja melhor compreendida e apresentada de um modo conveniente.
A correta evangelização, portanto, é uma estrada de duas mãos, do intercâmbio entre a Igreja e as culturas contemporâneas. Nós só podemos saber o que a Palavra de Deus significa para nós hoje, e que implicações ela tem, com um suficiente conhecimento da realidade atual, que inclui a visibilização da população LGBT.

IHU On-Line – Que elementos de discussão a diversidade sexual propõe para setores da sociedade como a família, a igreja e a escola? Quais são os desafios no que se refere à cidadania?
Luís Corrêa Lima – Por muitos séculos, o homoerotismo foi visto no Ocidente como um pecado nefando (que não deve nem ser nomeado) e como um crime gravíssimo que atrai o castigo divino para a sociedade. Igreja e Estado estiveram unidos. Tribunais eclesiásticos julgavam os acusados de “sodomia”, e os culpados eram entregues ao poder civil para serem punidos. Em casos extremos, a punição chegava à pena de morte.
O homoerotismo foi descriminalizado, e a condição homossexual foi despatologizada. Desde o final do século XX, esta condição não é mais considerada doença. Atualmente o Conselho Federal de Psicologia proíbe as terapias de reversão. Ou seja, algumas pessoas são homossexuais e o serão por toda vida. Elas estão em toda parte. Quem não é gay, tem parentes próximos ou distantes que são, bem como vizinhos ou colegas de trabalho que também são, manifesta ou veladamente. Eles compõem a sociedade, visibilizam-se cada vez mais e não aceitam mais serem tratados como doentes ou criaturas abomináveis. Querem ser cidadãos plenos, com os mesmos direitos e deveres dos demais.

IHU On-Line – O que a fé cristã, na sua opinião, tem a dizer sobre a diversidade sexual?
Luís Corrêa Lima – O mais importante é algo que foi dito numa carta do Vaticano aos bispos, em 1986: nenhum ser humano é mero homossexual ou heterossexual. Ele é, acima de tudo, criatura de Deus e destinatário de Sua graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna. E acrescenta que toda violência física ou verbal contra é deplorável, merecendo a condenação dos pastores da Igreja onde quer que se verifiquem. A oposição doutrinária que possa haver às práticas homoeróticas não elimina esta dignidade fundamental do ser humano. Deus criou a todos. O Cristo veio para todos e oferece o seu jugo leve e o seu fardo suave. Cabe a nós, com fidelidade criativa, conhecermos e darmos a conhecer estes dons divinos.

IHU On-Line – Como a Igreja, a partir da fé e das ciências, pode dialogar com a diversidade sexual?
Luís Corrêa Lima – Certa vez o Papa Bento XVI afirmou que o cristianismo não é um conjunto de proibições, mas uma opção positiva. E acrescentou que é muito importante evidenciarmos isso novamente, porque essa consciência hoje quase desapareceu completamente. É muito bom que um Papa tenha reconhecido isto. Há no cristianismo uma tradição multissecular de insistência na proibição, no pecado, na culpa, na condenação e no medo. O historiador Jean Delumeau fala de uma “pastoral do medo”, que com veemência culpabiliza e a ameaça de condenação para obter a conversão. Isto não se deu somente no passado distante. Também no presente, alguns interpretam a doutrina da maneira mais restritiva e condenatória possíveis, com obsessão pelo pecado, sobretudo ligado a sexo.
Sem a obsessão pelo pecado, o caminho do diálogo se abre. É preciso também respeitar a autonomia das ciências e da sociedade, como determina o Concílio. Não cabe hoje encaminhar os gays a terapias de reversão ou a “orações de cura”, que frequentemente são formas escamoteadas de exorcismo. No diálogo ecumênico e inter-religioso da Igreja, recomenda-se conhecer o outro como ele quer ser conhecido, e estimá-lo como ele quer ser estimado. O conhecimento e a estima recíprocos são também o melhor caminho para o diálogo entre a Igreja e o mundo gay.

IHU On-Line – A Igreja, no Brasil, tem, por meio de publicações, cursos, seminários, proposto o diálogo sobre a diversidade sexual. O que isso significa? Há aí um interesse legítimo dos diversos membros da Igreja, ou esta é uma necessidade da Igreja de se inserir em um novo contexto contemporâneo, em que gays e lésbicas ganham mais espaço? Como interpreta a posição da Igreja nesse contexto?
Luís Corrêa Lima – Constata-se que há no Brasil várias publicações, e de qualidade, sobre diversidade sexual feitas por religiosos ou por editoras católicas. Também há cursos e mesas redondas. Pode-se notar que o interesse é crescente, afinal o contexto da sociedade é inevitável. Em vários ambientes católicos, sejam paróquias, escolas ou centros de pastoral, pode-se tratar do assunto com liberdade. De um modo geral, as eventuais resistências não são barreiras intransponíveis.

IHU On-Line – Os homossexuais já conquistaram o direito de manterem uma união estável no Brasil. Como avalia a luta pela cidadania religiosa no Brasil?
Luís Corrêa Lima – Na verdade, há decisões judiciais que favorecem os conviventes homoafetivos, bem como normas de instituições públicas e privadas no mesmo sentido. Casais homossexuais podem obter em cartório um documento declaratório de convivência homoafetiva. Recentemente o Imposto de Renda e os planos de saúde contemplam estes casais com os mesmos direitos dos casais heterossexuais em união estável. Sobre a cidadania religiosa, nos ambientes religiosos católicos, de um modo geral, muitos gays estão presentes mas não manifestam a sua condição para evitar discriminação. É algo semelhante à escola e ao mundo do trabalho.

IHU On-Line – O que podemos entender por diversidade sexual? Quais os principais desafios da diversidade sexual?
Luís Corrêa Lima – A visibilização dos homossexuais, e a sua organização como movimento social, já usou diversas siglas: Gay (termo anterior a homossexual, que evoca alegria e autoestima), MHB (Movimento Homossexual Brasileiro), HSH (Homens que fazem sexo com homens – sigla ainda utilizada em saúde pública), GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes – sigla adotada pelo mercado) e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a mais recente. Há tendências de se acrescentar o ‘I’, de intersexual, para os hermafroditas. O termo diversidade sexual é uma maneira de englobar esta crescente pluralidade, embora com imprecisão.
O grande desafio da diversidade sexual é fazer-se compreender pela sociedade, não como uma ameaça, mas como uma pluralidade existente na condição humana que enriquece o mundo. No fundo, as pessoas querem ser elas mesmas, reconhecidas e aceitas pelos outros.

IHU On-Line – Como o senhor avalia o posicionamento da Igreja em relação à diversidade sexual na sociedade contemporânea?
Luís Corrêa Lima – A Igreja, antes de tudo, está alicerçada na milenar tradição judaico-cristã, ao mesmo tempo em que está presente em diversas partes do mundo, interagindo com a cultura ocidental moderna e com culturas não ocidentais. No judaísmo antigo, acreditava-se que o homem e a mulher foram criados um para o outro, para se unirem e procriarem. O homoerotismo era considerado uma abominação. Israel devia se distinguir das outras nações de várias maneiras, inclusive pela proibição do homoerotismo. A Igreja herdou esta visão antropológica com sua interdição.
Alguns conteúdos doutrinais mudam ao longo dos séculos, como é o caso da legitimidade da escravidão e da proibição do empréstimo a juros. Isto mostra que eles não comprometem o núcleo da fé. Outros conteúdos também podem mudar, mas não há como prever. De qualquer maneira, a consciência individual tem um peso decisivo em questões complexas como esta. Este papel não deve ser omitido ou subestimado. O Concílio reconheceu o direito de a pessoa agir segundo a norma reta da sua consciência, e o dever de não agir contra ela. Nela está o “sacrário da pessoa”, onde Deus está presente e se manifesta. A fidelidade à consciência une os cristãos e os outros homens no dever de buscar a verdade, e de nela resolver os problemas morais que surgem na vida individual e social (Gaudium et Spes, nº 16). Nenhuma palavra externa substitui o juízo e a reflexão da própria consciência.

IHU On-Line – Entre os evangélicos também há discordância em relação à homossexualidade. Entretanto, qual sua opinião sobre a Igreja Cristã Contemporânea, coordenada pelo casal de pastores homossexuais Fábio Inácio de Souza e Marcos Gladstone?
Luís Corrêa Lima – Entre os evangélicos, a oposição à homossexualidade em geral é mais intensa, com práticas frequentes de exorcismo para expulsar o demônio que supostamente toma conta da pessoa. Os que continuam a cometer atos homossexuais são muitas vezes expulsos de suas igrejas, ou sofrem um assédio moral devastador que os faz sair. Como o mundo protestante é fragmentado em diversas denominações, gays evangélicos fundaram igrejas inclusivas para acolherem crentes repelidos por suas igrejas de origem.
As igrejas inclusivas nasceram nos Estados Unidos, na ampla constelação do movimento gay. A Igreja Cristã Contemporânea é um rebento brasileiro com notável difusão no Rio de Janeiro. Os pastores Fábio e Marcos protagonizaram o primeiro casamento público entre dois pastores gays, com grande repercussão na mídia, muita simpatia da militância LGBT e forte execração dos evangélicos tradicionais.

IHU On-Line – Quais são, no seu entendimento, as razões que dificultam o consentimento das religiões aos homossexuais?
Luís Corrêa Lima – As grandes religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo – enraízam-se em tradições milenares consignadas em textos sagrados antigos, situados em horizontes socioculturais bem diferentes do nosso. Estas religiões se vincularam a uma suposta heterossexualidade universal, expressa no imperativo “crescei-vos e multiplicai-vos’” do livro de Gênesis. Por outro lado, há religiões de matrizes africanas que aceitam os gays. Na verdade, a heterossexualidade não é universal, nem na espécie humana, nem entre os animais. No mundo animal, já se conhecem atualmente mais de 450 espécies com indivíduos homossexuais.
Certa vez um rabino disse que a tradição não é um bastão de uma corrida de revezamento. O bastão é sempre mesmo, passando de mão em mão. A imagem correta da tradição é uma casa em que vivem sucessivas gerações. Cada uma delas pode dar o seu toque peculiar e até fazer reformas internas. Mas a casa é sempre reconhecível por quem passa na rua. Assim é a tradição: um legado vivo, constantemente enriquecido para ser fiel a si mesmo. O teólogo Yvez Congar afirmou que a única maneira de se dizer a mesma em um contexto que mudou, é dizê-la de modo diferente. A mensagem cristã precisa se reinventar sempre se quiser ser Boa Nova.

IHU On-Line – As uniões homoafetivas representam uma ameaça à tradição?
Luís Corrêa Lima – Não, pelo contrário. A união entre o homem e a mulher conserva seu valor e função social, e permanece como sinal bíblico do amor entre o Senhor e o seu povo eleito, e do amor entre Cristo e a Igreja. As uniões homoafetivas não ameaçam as uniões heterossexuais, pois estes não são gays enrustidos prestes a debandarem diante da possibilidade de união homossexual. E nem os gays têm obrigação de se “curarem” e de se casarem com pessoas de outro sexo. Até porque, para o direito eclesiástico, este casamento é nulo. Uniões gays e uniões heterossexuais são de naturezas distintas e não concorrem entre si.
Um documento do Vaticano de 2003, sobre o reconhecimento civil da união entre pessoas do mesmo sexo, fez severa oposição à equiparação ou equivalência desta forma de união àquela entre homem e mulher. No entanto, ele afirma que, mesmo assim, podem-se reconhecer direitos decorrentes da convivência homossexual. Este é um passo muito importante. Se não houver nenhum reconhecimento social ou proteção legal às uniões gays, o preconceito homofóbico difuso na sociedade vai pressionar os gays a contraírem uniões heterossexuais. O que já acontece há séculos continuará acontecendo. É lastimável, pois isto traz enorme sofrimento a muitas pessoas.

IHU On-Line – O que deve fazer parte de uma reflexão moral sobre o amor homossexual?
Luís Corrêa Lima – Antes de tudo, a vocação fundamental do ser humano é amar e ser amado. O amor é a plenitude da lei e da vida em Cristo. E o próprio Cristo ensina que a lei foi feita para o homem, e não o homem para a lei. Para a reflexão moral, convém escutar a Palavra de Deus e buscar uma teologia que supere a leitura ao pé da letra; e que leve em conta a Tradição, o ensinamento da Igreja, os sinais dos tempos e os saberes seculares.
A moral não deve se limitar ao ideal, mas deve estar atenta ao possível, à situação em que cada um se encontra e aos passos que pode dar. O papa tratou recentemente do uso da camisinha, e afirmou que em algumas circunstâncias ele representa o primeiro passo para uma humanização da sexualidade. É preciso buscar sempre os caminhos de humanização.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Luís Corrêa Lima – Sim. Jesus afirmou que há eunucos de nascença, eunucos feitos pelos homens e eunucos que assim se fizeram pelo Reino dos Céus (Mt 19,12). Esta frase, um tanto estranha, tem um sentido literal e um sentido não literal. No caso de eunucos feitos pelos homens, trata-se de castração. No caso de eunucos pelo Reino dos Céus, trata-se do próprio Jesus e dos que renunciaram ao casamento para se dedicarem inteiramente à obra de Deus. Não há propriamente castração. E quem são os “eunucos de nascença”? Para os primeiros leitores do Evangelho, talvez fossem pessoas com um defeito físico que impossibilita o casamento. Mas para nós, hoje, é indispensável considerar aqueles que por natureza, em razão de sua libido, não se destinam ao casamento tradicional. São os gays. Eles têm seu lugar no plano divino. E também devem tê-lo na sociedade e na Igreja.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Filme Prom Queen



Baseado em fatos reais. Aaron Ashmore interpreta Marc Hall, um adolescente canadense, popular no colégio católico onde estuda e que conseguiu evitar as típicas perseguições aos homossexuais nas escolas. Entretanto, Marc levará a direção do colégio aos tribunais sob a acusação de discriminação, homofobia e desrespeito aos Direitos Civis dos homossexuais. O caso vira o foco da mídia canadense e Marc Hall percebe que não está lutando apenas pelo direito de levar seu namorado à formatura, e sim, pelos direitos civis de todos os homossexuais.

O Filme conta a trajetória de um jovem em busca de aceitação pela igreja católica e mostra o quão cruel pode ser o enfretamento contra a igreja.
Tamanho: 373,36mb
Gênero: Drama
Legenda: Português
DOWNLOAD


terça-feira, 8 de março de 2011

Mitos Religiosos Sobre a Sexualidade: O Uso Natural.

Sexo anal hetero no casamento: Natural. 
Sexo anal hetero fora do casamento ou homo: Antinatural.




Eu fui evangélico por 20 anos, e nessa trajetória toda, desde a infância participei de alguns cultos e encontros para casais. Apesar de ser pré adolescente e não poder participar, as vezes meus pais tinham que me levar e eu acabava assistindo sentado lá atrás, pois nem sempre gostava de ir pra "salinha". 
Em vários destes encontros prestei atenção nas pregações e em muitas delas eram abertas para a platéia fazer perguntas a terapeutas sexuais cristãos e pastores de casais.
Por algumas vezes ouvi falar sobre o sexo anal entra o casal e dentro do casamento, sempre surgia a questão de ser pecado ou não.
Como eu sempre freqüentei igrejas neo pentecostais mais liberais a resposta era sempre a mesma. O sexo anal é permitido dentro do casamento hetero se a esposa consentir e isso não é pecado.
Para embasar tal argumento é usado o texto de 1° coríntios 7:3-5 : 

"O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência"


Esse ponto de vista é defendido por pastores como Silas Malafaia, como pode ser visto nessa pregação dele:



É comum ouvir o argumento de pastores menos cultos, esses que abrem igreja como são abertos botequins na esquina das periferias, afirmando que o antinatural é o sexo anal, pois o ânus foi feito para A e não para B.
Mas para os pastores mais cultos, neo pentecostais, o antinatural é apenas a relação entre os mesmos sexos e isso não tem conotação nenhum com a intimidade sexual seja ela qual for, anal, oral ou vaginal.
O que é meio contraditório chamar de antinatural uma relação anal pelo simples fato dela ser feita por iguais e de natural se ela for feita entre heterossexuais casados.
Natural dentro da doutrina religiosa, principalmente a católica, seria manter as funções "normais" para qual cada órgão do corpo humano foi "criado por deus" para exercer.
No entanto do ponto de vista científico não é possível afirmar que algo foi definido naturalmente para isso ou para aquilo.
Esse pensamento vai contra uma das principais teorias científicas, a Teoria da Evolução (que inclusive já foi reconhecida pela igreja católica).

Segundo esta teoria, o natural é definido pela adaptação das espécies ao meio em que vivem para sua sobrevivência, portanto o que hoje "é natural" pode deixar de ser, e é isso que faz uma uma espécie evoluir, perder suas características naturais e se adaptar as novas condições. Por exemplo, alguns peixes que naturalmente possuíam nadadeiras, começaram a evoluir e adquirir patas e isso foi responsável pela migração da vida marinha para o continente e que culminou com o surgimento dos mamíferos. Portanto afirmar que os pés foram feitos SOMENTE para andar não tem nenhuma consistência científica uma vez que essa função pode ser mudada com o tempo. Ou seja, para a natureza, não existe um padrão que defina que um órgão foi feito exclusivamente para determinada função.
Partindo do ponto de vista que alguns teólogos já começam a tentar conciliar evolucionismo e criacionismo poderíamos então começar a parar de levantar as bandeira do anti natural.
O texto bíblico que condena a homossexualidade como algo anti natural foi escrito em um contexto histórico cultural em que o sexo não era permitido, religiosamente falando, como objeto de prazer (principalmente para as mulheres) mas somente de procriação.
Ou seja, como 2 homens ou 2 mulheres não podem naturalmente (não existia fertilização em vitro na época, sic) gerar filhos então a homossexualidade foi condenada.
Hoje estamos em um outro contexto histórico cultural onde o sexo já deixou de ser SOMENTE para procriação e onde, principalmente a mulher, já tem adquirido sua liberdade sexual.
A igreja ainda tenta manter esse conceito de pé, mas isso só funciona na teoria. Mesmo quem é católico, onde a pilula e a camisinha não são permitidos, não seguem essa doutrina a risca. E a grande maioria das noivas evangélicas/católicas não casam mais virgens, apesar de fingirem, tanto elas quanto seus pais e pastores/padres que ainda são.
Eu algum momento não muito distante a igreja precisará deixar de fingir que não vê essas atitudes e precisará reconhecer essas mudanças oficialmente. A partir desse momento, um novo diálogo também sobre as relações homossexuais deverá ser aberto e os conceitos que a impede ( incluindo a relação sexual para procriação ) não existirá mais.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mitos Religiosos Sobre a Sexualidade: O Mito Macho e Fêmea.

Hoje vou começar uma nova série aqui no blog, onde vou comentar alguns tabus e mitos propagados pelos religiosos sobre a homossexualidade.


O Terceiro Sexo!

Esse é um dos primeiros argumentos usados pelos religiosos para combater a homosexualidade.
Uma das coisas que mais me irrita é quando começam com os famosos clichês: Deus criou macho e fêmea, Adão e Eva e não Adão e Ivo. Deus não criou um terceiro sexo. Só existem os cromossomos XX e XY.
O erro já começa em tentar afirmar que os cromossomos que definem o gênero seriam os mesmo que definem a orientação sexual, não é bem por ai. Uma vez que pesquisas já mostraram que a orientação sexual é definida por múltiplos genes e não por um único.

É preciso fazer uma distinção entre Orientação Sexual e Identidade de Gênero. O primeiro erro que todo religioso comete quando usam esse argumento é tentar generalizar todo homo/bissexual como sendo pessoas com tendências afeminadas ou a transexualidade.
Não tenho número estatísticos para afirmar porcentagens, mais acredito que a grande maioria dos homo/bissexuais são homens ou mulheres que estão muito felizes e satisfeitos com suas identidades de genero.
Homens que estão felizes em serem e terem uma postura masculina e que em nenhum momento de suas vidas pensaram ser mulheres ou se sentiram mulheres em corpos masculinos. A única diferença é que são homens que amam outros homens ou mulheres que amam outra mulheres.
Acredito que esse erro acontece porque de fato os homossexuais que são assumidos na sua maioria são os afeminados ou transgêneros ou as mulheres masculinizadas, ou seja, o esterótipo gay é formado por pessoas com essas características e os mais discretos, principalmente os bissexuais, muitas vezes se mantém no armário por toda a vida.

Não quero levantar polêmica, mas nem sempre identidade de genero está ligado a orientação sexual do individuo. O que falar por exemplo dos cross dressers?

Cross-dressing é um termo que se refere a pessoas que vestem roupa ou usam objetos associados ao sexo oposto, por qualquer uma de muitas razões, desde vivenciar uma faceta feminina (para os homens), masculina (para as mulheres), motivos profissionais, para obter gratificação sexual, ou outras. O crossdressing (ou travestismo, no Português Europeu, e frequentemente abreviado para "CD"), não está relacionado com a orientação sexual, e um crossdresser pode ser heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual. O crossdressing também não está relacionado com a transexualidade. (Fonte: Wikepedia)

"Tudo que posso dizer é que ele é um grande, grande cara que às vezes gosta de mexer com a roupa das mulheres." (Jenny McCarthy ao explicar a aparição em público de seu então namorado Jim Carey em uma praia, em 2008 vestindo seu maiô.)
Heteros travestidos com roupas do sexo oposto no carnaval.
Geralmente no Brasil o termo "CD" é usado para designar heterossexuais que tem fetiche por transarem com suas parceiras travestidos totalmente ou com algum item do vestiário femenino.
Uma das coisas que sempre me intrigaram é ver no carnaval vários heterossexuais se divertindo nos famosos "blocos das piranhas" vestidos com roupas do sexo oposto. Eu particularmente nunca entendi o porque de homens que mantêm durante todo o ano uma postura hetero, soltarem tanto a franga no carnaval e eu que sou gay nunca passaria por tamanho papelão ainda que por brincadeira.

Para terminar, ontem saiu uma reportagem no jornal britânico Daily Mail, sobre um transexual, que quando era homem se casou por 3 vezes com mulheres e mesmo após a mudança de sexo (mudou de homem para mulher) se manteve hetero, ou foi ai que virou lésbica (fiquei confuso, rs) e casou-se pela quarta vez com uma mulher. Só pra ilustrar que orientação de gênero não esta necessariamente ligado a orientação sexual.
Clique na Imagem para ampliar.

Versão Do G1:
Um casamento no Reino Unido reuniu Kerry Whybrow, de 66 anos - um ex-bombeiro que decidiu passar por uma operação para virar mulher -, e Alicia Evans, uma lésbica jamaicana 30 anos mais jovem.
O casal se conheceu em um site relacionamentos internacional. A união civil aconteceu na cidade de Norfolk. Este é o quarto casamento de Kerry, mas o primeiro desde que se tornou mulher, há 3 anos. Nos três anteriores, a recém-casada ainda se chamava Roger Steed.
Abandonada por amigos desde a decisão de mudar de sexo, Kerry contou com o apoio da terceira esposa, Cindy Steed, que compareceu à cerimônia.
A única filha de Whybrow a renegou em 2005, quando o anúncio da mudança de sexo foi feito. Já Alicia tem um filho de 5 anos morando na Jamaica com os avós, que não sabem que a filha é lésbica.
Um hotel local de Norfolk serviu como local para a lua-de-mel, já que o casal não tem dinheiro para viajar. Segundo os recém-casados, viver na Jamaica está fora de questão, pois a homofobia local ainda assusta. As informações são do site do jornal britânico "Daily Mail".

PORTANTO SENHORES RELIGIOSOS NEM TODO GAY QUER TER UM TERCEIRO SEXO OU DESEJA TER O MESMO SEXO DO SEXO OPOSTO. SOU HOMEM, GOSTO DE SER HOMEM E NUNCA NA VIDA PENSEI EM TER OUTRO GÊNERO, EM SER UMA MULHER OU ME SENTIR UMA MULHER NO CORPO DE UM HOMEM. SE EXISTE UM DEUS QUE ME FEZ, ESSE DEUS ME FEZ MACHO E MACHO O SOU, MESMO GOSTANDO DE OUTRO MACHO.

domingo, 5 de dezembro de 2010

ESPECIAL PADRE FÁBIO DE MELO



Pe. Fábio saindo da Academia.
Fábio José de Melo Silva, mais conhecido como Padre Fábio de Melo (Formiga, MG, 3 de abril de 1971) é um sacerdote católico, artista, escritor, professor universitário e  apresentador brasileiro, pertencente originalmente à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Atua na Diocese de Taubaté no interior do Estado de São Paulo. Como cantor, gravou oito discos pela gravadora católica Paulinas-COMEP, um pela gravadora Canção Nova, um projeto independente (Tom de Minas). Seu primeiro disco por uma gravadora secular, Vida, foi lançado pela LGK Music e pela Som Livre, com quem continua gravando, já tendo lançado mais dois discos (Iluminar e Eu e o tempo - CD e DVD) até o fim do ano de 2009. Ao todo, Fábio de Melo já vendeu mais de 2 milhões de cópias de CDs (1,8 milhão apenas na Som Livre), além de 500 mil livros.

Como professor universitário, lecionou teologia na Faculdade Dehoniana de Taubaté. Também apresenta o programa Direção Espiritual naTV Canção Nova, às quintas-feiras, às 22:30 horas. (Fonte: Wikepédia) 
Desde que o Padre Fabio de Melo começou a "ficar pop" vários rumores com relação a sua sexualidade começaram a pipocar pela net. Os boatos começaram a ganhar força após o lançamento do livro Carta entre Amigos em que Fabio "expõe" sua amizade com o deputado federal Gabriel Chalita. Além de um video do Pe Fábio, que ganhou popularidade no YouTube, onde ele faz declarações bem mais coerentes e inclusivas sobre a homossexualidade do que costuma-se ouvir de religiosos católicos e evangélicos. 
Apesar de ainda pregar a reversão, o discurso no tom menos condenatório do Pe. Fabio talvez já seja uma luz no fim do túnel para quem acha que a igreja católica nunca mudará o discurso contra os homossexuais. O vídeo é antigo, mas para quem ainda não assistiu, vale muito a pena. 



Agora Pe Fábio e Gabriel Chalita lançaram o segundo livro Carta entre Amigos e as polêmicas continuam. O Deputado Federal Jean Wyllys em sua coluna em um jornal Baiano fez a seguinte crítica sobre o Livro:
Pe Fabio de Melo e o Deputado Federal
Gabriel Chalita no lançamento do Livro
Carta entre Amigos 2.
"É, de Fábio de Melo, a frase que melhor define o livro: “A carta é um mecanismo maravilhoso que nos proporciona a experiência do encontro”. Carta Entre Amigos... é um livro sobre a amizade como modo devida; e, por isso mesmo, é um livro homoafetivo, uma vez que o modo de vida homossexual está fundado na amizade e na consequente troca de intimidades e de repertórios culturais entre amigos: gays convivem e se abrem mais com os amigos do que os heterossexuais, pois, contam bem menos com o amor e o acolhimento da família do que estes.

Não quero dizer, com esta afirmação, que Gabriel Chalita e padre Fábio de Melo sejam homossexuais, mas, sim, que suas cartas refletem a fragilidade da identidade masculina diante da visibilidade e das conquistas do feminismo e do movimento gay" (crítica completa).
Provavelmente respondendo a críticas de Jean e/ou de outros jornalista Pe Fabio escreveu recentemente em seu blog:
"Meu ofício está na vitrine. Atiram pedra os que querem. Banalizam como podem. Manchetes imensas noticiando coisas pequenas, desnecessárias. Preferem evidenciar alguns detalhes de minha condição humana.
Padre galã... Frequenta academia? Já fez plástica? Lipoaspiração? É a favor da camisinha? Tem amigos homossexuais? As perguntas não dizem respeito ao que quero anunciar.
Meu ofício. Eu sou da Igreja. Não criei uma seita à minha imagem e semelhança. Sou padre católico, apostólico, romano, vivendo no Brasil. Minha tentativa é acertar o alvo da misericórdia. Desejo de mostrar que o Evangelho é para nos tornar melhores. Gestando fraternidade, tolerância com os diferentes, abraço carinhoso que nos recorda que precisamos uns dos outros, mesmo que não tenhamos as mesmas convicções religiosas. Evangelho como proposta de aproximação, ponte com a casa do vizinho, para que a gente possa trocar medidas de café, colheres de açúcar, sorrisos ofertados enquanto lavamos a calçada em dias de sol escaldante.
Meu ofício. Minha sina de ser vitimado pela reportagem qualquer, feita pelo repórter que não sabe absolutamente nada a meu respeito, e que na responsabilidade de dizer, disse qualquer palavra...
O jornal de hoje embrulhará o peixe de amanhã. Pronto."



Não sei o motivo dele ter usado o termo "condição humana", mas muitos líderes religiosos, não necessariamente líderes de igejas inclusivas, mas líderes de igrejas tradicionais, mas que usam um discurso menos agressivo e mais receptivo aos fiéis gays gostam de se referir a homossexualidade de seus fiéis como sua "condição humana" aos invés de taxar como escolha ou opção sexual. Apesar de logo em seguida Pe Fabio listar quais detalhes de sua condição humana ele se refere e entre elas citar apenas amigos homossexuais e não sua suposta homossexualidade, achei interessante ele ter se referido a si próprio com esse termo. Será? rs
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...