Se você já foi reprimido por sistemas religiosos que te ofereceram algum tratamento milagroso para transforma-lo em hetero, mas conseguiu se libertar dessa mentira, seja bem vindo. Venha ajudar quem ainda está aprisionado a encontrar a verdadeira liberdade.
O presidente do maior grupo de "reversão sexual" do mundo , Alan Chambers, recentemente ganhou as manchetes proclamando a grande mídia que não há cura para a homossexualidade. Ele também condenou a chamada "terapia reparadora", que visa alterar a orientação sexual de clientes, investigando a dinâmica de suas famílias. Enquanto na conferência anual da Exodus, mês passado, em São Paulo, Chambers disse ao repórter da Associated Press Patrick Condon:
"Eu realmente não acredito que a cura é uma palavra que é aplicável a qualquer luta, incluindo a homossexualidade. Para alguém dizer, "eu posso curar a homossexualidade" para mim é tão bizarro quanto alguém dizendo que eles podem curar qualquer outra tentação comum ou luta que qualquer pessoa enfrenta no Planeta Terra".
Logo depois, Chambers reiterou sua mudança de coração para Eric Eckholm do New York Times: Praticamente todos os "ex-gay" que ele já conheceu ainda abriga desejos homossexuais, inclusive ele próprio. Chambers, que deixou a vida gay para casar e ter dois filhos, disse que os cristãos gays como ele enfrentam uma luta ao longo da vida espiritual para evitar o pecado e não deve ter medo de admitir isso, disse Eric. Chambers reiterou que a Êxodos não podia mais tolerar a terapia reparativa.
A verdade é que esse novo posicionamento da Exodus a princípio não muda muita coisa, mas é um primeiro passo, de muitos que ainda precisam ser dados. Teoricamente eles vão deixar de oferecer terapias reparativas, mas isso pode ser apenas uma "estratégia" para se livrar da má impressão pública que a instituição vinha cultivando com essa práticas. O novo posicionamento do líder máximo da instituição muda apenas na questão reparativa, muda o incentivo em se curar algo incurável como ele mesmo assumiu, mas permanece a velha mentalidade de que homossexualidade é pecado e que o único jeito a partir de agora é manter o celibato. Por outro lado, até as orientações de Chambers de fato fazerem efeito em todas as filiais da exodus espalhadas pelo mundo, ainda veremos muitos continuarem passando por tais terapias.
Muitos mitos são construídos sobre pesados escombros, consequentemente, basta removê-los para que o alto edifício dos velhos e falsos conceitos caia por terra. O significado de sodomia que hoje lemos nos melhores dicionários não passa de produto de um equívoco que dura séculos e insiste em permanecer de pé: sodomia como sinônimo de homossexualidade. Como assim? Nossos filólogos estão todos equivocados? De certa forma, sim. Vejamos um exemplo, retirado do Dicionário de sinônimos e antônimos da Editora Melhoramentos, página 567:
Sodomia sf pederastia, homossexualismo, homossexualidade, inversão.
O equívoco deve-se a uma construção histórico-doutrinária muito antiga. Tudo começou há mais de 2000 anos, com o filósofo judeu-helenista Filo de Alexandria (25 a.C – 50 d.C). O relato de Filo é solitário em meio a tantos outros documentos. Ele é o único a mencionar atos homogenitais entre homens em Sodoma. Qual a base desse relato? Certamente Filo foi influenciado pela visão, comum na época, de que a única finalidade do sexo era a procriação. Juntando isso a uma leitura equivocada de Gênesis 19 não deu outra! Séculos mais tarde, Tomás de Aquino arrematou o equívoco, popularizando o termo “sodomita” como o praticante da sodomia, ou seja, sexo anal entre homens. Não há registros bíblicos de práticas genitoanais em Sodoma ou nas cidades circunvizinhas. O episódio relatado em Gênesis 19 não passou de uma tentativa frustrada de abuso, o que não reflete a realidade da homossexualidade enquanto orientação sexual.
Você pode estar dizendo: “mas a própria Bíblia faz essa associação, está lá, em 1ª Coríntios”! Há uma grande diferença entre o que diz o texto original e o que dizem as traduções, muitas delas, repletas de erros. De fato, as traduções modernas utilizam tal termo, entretanto, tal vocábulo não encontra raízes etimológicas no hebraico gentílico, ou seja, sidom, o habitante ou natural de Sodoma. Um dos grandes problemas dos eruditos, pois não há consenso quanto ao significado original, o termo grego utilizado pelo apóstolo Paulo (em 1ª Coríntios 6.9 e 1ª Timóteo 1.10) não apresenta nenhuma relação com o gentílico hebraico, de modo que as traduções modernas baseiam-se em uma visão errônea do relato de Gênesis, reforçada por escassas interpretações antigas dos reais pecados dos sodomitas.
Menções aos pecados de Sodoma são abundantes, tanto nos livros da Bíblia protestante, quanto nos livros deuterocanônicos – das edições católicas – isso sem mencionar os livros apócrifos e outras fontes históricas, todas elas concordando entre si com o que dizem as Escrituras, ou seja, nenhuma palavra sequer sobre homossexualidade.
Então, o que, de fato, nos ensina a Bíblia sobre os sodomitas? Encontraríamos, na atualidade, comportamentos capazes de classificar alguém assim? Certamente. Lendo Gênesis 13.13; 19; Ezequiel 16.49; Isaías 1.10-17; Lucas 10.10-12, dentre outras passagens, perceberemos que os verdadeiros sodomitas são aqueles que praticam atos como assassinatos, injustiças, ódio ao estrangeiro, órfãos e viúvas – aqui representação das diferenças e das minorias desvalidas – falta de hospitalidade, soberba, orgulho, desamparo ao pobre e ao necessitado, arrogância, entre tantas outras coisas que Deus abomina. Os verdadeiros sodomitas da atualidade, segundo nos ensina a Bíblia, são todos aqueles que praticam essas e outras atrocidades.
Se algum homossexual pratica atos de crueldade como os mencionados acima, teremos autoridade bíblica para classificá-lo como sodomita, agora, classificar alguém assim com base em sua orientação sexual é um grave erro, bíblico e semântico.
Quando Deus exorta Israel em Isaías capítulo 1, traçando um paralelo entre este e Sodoma, está mostrando que os reais sodomitas são aqueles que dizem servi-lo com seus sacrifícios, holocaustos, ofertas e orações. O que isso nos ensina? Que os religiosos e legalistas da modernidade é que são os verdadeiros sodomitas, pois, com suas atitudes excludentes, mascaradas de amor e abnegação, oprimem as minorias, boicotam-lhes os direitos, lutam para perpetuar as injustiças, governam com parcialidade. Qualquer semelhança com nossos líderes religiosos, seus seguidores e representantes políticos, não é mera coincidência!
Artigo constante do livro "Teologia Inclusiva" em fase de conclusão. Um estudo detalhado sobre esse tema pode ser lido em nosso livro "Bíblia e homossexualidade: verdade e mitos".
Comentário deste blog: A própria etimologia da palavra já diz, sodomia... que vem de sodomita, habitante de Sodoma, ou seja, sodomia é o ato de agir como os sodomitas. Que como o Feitosa, no artigo que você acabou de ler tão bem explicou, não eram necessariamente "praticantes da homossexualidade", mas sim de diversas atitudes pecaminosas. De fato essa conexão entre sodomia e homossexualidade se deu por causa do episódio bíblico dos anjos que visitaram Sodoma e por conseguinte da destruição da cidade "por deus", no entanto alguns estudiosos dizem que a história de Sodoma não passa de uma parábola baseada em fenômenos científicos que o homem até então não conseguia explicar, e que ela poderia ter sido baseada na destruição de povoados próximos a vulcões que entraram em erupção.
Little Richard nasceu Richard Wayne Penniman no dia 5 de dezembro de 1932 em Macon, no estado da Georgia. Terceiro de uma família de doze irmãos, era o filho preterido pelo pai e que sofria deboches dos irmãos por já demonstrar uma sensibilidade típica do que é costumeiramente chamado de mariquinhas. Teve uma infância triste, afastado dos garotos de sua idade, também por causa de um defeito na perna esquerda, mais curta que a direita, o que impedia que ele brincasse normalmente. Aos sete anos sapateava nas ruas para ganhar trocados, aos oito ganhou um concurso local de talentos. Como a maioria dos negros de sua época, aprendeu a cantar em uma igreja evangélica, e no processo aprendeu também a tocar o piano. Cansado de ser motivo de deboche, fugiu de casa aos 14 anos para se juntar a um grupo de músicos andarilhos chamados de Dr. Hudson's Medicine Show, trabalhando como cantor, dançarino e pianista.
Richard Penniman mudou seu nome para Little Richard, o "Little" (pequeno) em função de quê, segundo ele, "todos os bluseiros que ele conhecia usavam 'Little' no nome" como Little Walter. Uma vez em Alabama, passou a viajar com Sugar Foot Sam em outro típico Medicine Show, um show de variedades que no final tentava lucrar com a venda de algum remédio, geralmente um tônico feito de ervas.
Em 1951, ganhou um concurso de talentos no 81 Theater, na cidade de Atlanta, capital do seu estado Georgia, o que lhe permitiu gravar seu primeiro disco pela gravadora Victor (antes de se unir à RCA), um compacto que não provocou nenhuma mudança em sua vida artística. Ele, a esta altura, estava lavando pratos em uma lanchonete ligada a uma estação de ônibus. Teve a oportunidade de gravar um segundo compacto que igualmente não lhe trouxe maiores perspectivas. Mesmo assim, tinha montado uma banda própria, para apresentações ocasionais à noite.
Em 1952 juntou-se ao grupo Tempo Toppers, capitaneado por Raymond Taylor e baseado em Nova Orleans, com apresentações constantes no Club Tijuana. Entre 1953 e 54 gravaram quatro músicas para o selo Peacock, em Houston, inicialmente como The Tempo Toppers e depois já como Little Richard and the Deuces of Rhythm. Entre essas gravações, principalmente durante o ano de 1953, Little Richard voltou a sua cidade natal trabalhando fora do âmbito artístico, novamente como Richard Penniman, onde casou e teve um filho.
Em 1955, já com uma nova banda, sua música demonstrava fortes influências não só do gospel que ele trazia da Georgia mas também do rhythm & blues de gente como Roy Brown, Jay Hawkins e Fats Domino. Sua postura artística também já amadurecera para incluir um topete imenso e uma maquiagem facial pesada. Lloyd Price, autor de, entre outras preciosidades, "Lawdy Miss Clawdy", ao assistir a uma apresentação, sugeriu que Richard mandasse uma demo para a Specialty Records. A gravadora ficou satisfeita e Richard assinou um contrato, mas a primeira sessão deixou a desejar. Em um intervalo para o almoço, ao ver um piano em um canto da lanchonete, Little Richard, com sua eterna necessidade de chamar atenção, sentou-se ao piano e começou a tocar uma canção extremamente obscena para a época e cheio de seus "woooo's", que se tornaria parte de sua marca ou assinatura musical. "É isso que queremos nos seus discos", falou o produtor, e assim, surgiu a canção "Tutti Frutti", gravada com uma letra menos picante. E Little Richard nasceu para o mundo. A letra original dizia: A wop bop a loo mop, a good goddam! Tutti Frutti, good booty! (boa bunda).
Pela Specialty Records, entre 1956 e 57, Richard gravou diversas músicas que viriam a ser clássicos do rock de todos os tempos, como “Long Tall Sally”, “Rip It Up”, “Tutti Frutti”, “The Girl Can't Help It”, “Good Golly Miss Molly”, “Slippin' and Slidin'”, “Jenny, Jenny”, “Keep a Knockin'” e “Lucille”, entre outras. Participou de filmes como “The Girl Can't Help It”, “She's Got It” e “Mister Rock And Roll”, que reforçaram sua imagem e ajudaram a divulgar sua música internacionalmente. É apenas justo que parte do seu sucesso seja também creditado à sua banda, composta de excelentes músicos de Nova Orleans, como Lee Allen no sax tenor, Alvin Tyler no sax barítono e de seu baterista favorito, Earl Palmer, que gravou e excursionou com ele por quase toda a carreira.
Vocalista mais virtuoso da primeira fase do rock and roll, Little Richard influenciou com seus falsetes, seu piano e seu temperamento extrovertido, os grandes nomes da história do rock, de Paul McCartney a Robert Plant, de Jerry Lee Lewis a Billy Preston, de Otis Redding a Freddie Mercury, de Elvis Presley a Prince. Sua performance explosiva e insinuação em palco agitavam e levavam o público à loucura, chegando a causar tumultos. Sempre o centro das atenções, sua música ajudou a promover a desmistificação entre brancos e negros, uma vez que os jovens brancos passaram a invadir os espaços reservados aos negros, diretamente em frente ao palco, para dançarem juntos. Assim, jovens brancos puderam perceber melhor a discrepância do tabu racial vinda dos mais velhos e em que eram obrigados a acreditar.
Excursionou durante esse período não somente por todo os Estados Unidos, de costa a costa, como também foi um dos primeiros artistas a levar o rock 'n' roll para a Austrália.
Durante sua viagem de volta desta excursão, a meses depois do acidente mortal de outra lenda, Buddy Holly, seu avião teve problemas e Richard em pânico implorou a Deus que, se ele sobrevivesse, largaria a vida artística e voltaria suas energias para espalhar a palavra de Deus. Ele diria depois que o chamado já estava lhe incomodando fazia tempo e que entendeu o incidente no aeroplano como um ultimato de Deus.
Após terminar alguns compromissos restantes, Little Richard abandonou a profissão em 1958, tornando-se novamente Richard Penniman, e passou a cursar a Oakwood Collage Seminary School em Huntsville, Alabama, formando-se em 1961 como bacharel em Teologia. Foi ordenado ministro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, renegando seu passado mundano e se afastando do show business. A gravadora Speciality não gostou nada desta decisão e procurou forçá-lo a se manter como performer, ameaçando-o à ter que assinar um acordo abrindo mão de todos os seus direitos sobre suas canções, como alternativa. Little Richard, porém, estava sério sobre sua crença religiosa e prontamente abriu mão de todos os direitos que detinha sobre sua música. Em 1961 gravou discos religiosos e excursionou pelo sul de igreja a igreja, pregando e cantando hinos religiosos.
Mas Richard não conseguiu ficar mais de três anos longe do rock.
Em 1962, viajou para Europa, onde em Hamburgo conheceu os Beatles, seguiu para o Oriente e depois para a Austrália. Em 1963 tocou na Inglaterra, a nova Meca do rock, para se juntar à excursão dos Everly Brothers, que incluía apresentações dos Rolling Stones e Bo Diddley. A TV Granada fez na ocasião, um especial sobre sua carreira. Os tempos mudaram mas as apresentações de Little Richard eram uma das poucas atrações da já velha guarda que ainda mantinha o público pulando. Com a Beatlemania e a posterior psicodelia, a maioria dos grandes astros da primeira fase caíram no esquecimento, como coisa do passado. Mas Richard ainda voltou para a América e fez temporada em Chicago, no City Opera House. Em 1964, bandas como os Beatles e os Rolling Stones, com diversas entrevistas fazendo questão de frisar a importância dos artistas negros americanos na sua música, ajudaram Little Richard a conseguir um hit moderado com a canção "Bama Lama Bama Loo".
Em 1965 fez temporada no Paramount Theater de Nova York. É neste período que Little Richard teve como guitarrista um desconhecido Jimi Hendrix, acorrentado pela obrigação de tocar de modo simples, com afinação tradicional e sem distorção de qualquer espécie. Hendrix foi dispensado pouco antes de Little Richard seguir para uma excursão européia. Eternamente tentando reconquistar o novo público jovem, esses anos, em sua maioria, foram bastante frustrantes para esse gigante do passado. Ainda mais quando cálculos concluíam que até 1968 ele já havia vendido cerca de US$32 milhões em discos ao redor do mundo, nenhum centavo deste dinheiro indo para seu bolso.
Foi somente em 1969, após a psicodelia, com uma onda de revalorizar o rock simples do passado, que Little Richard conseguiu novamente atenção. Entre todos os velhos roqueiros que reapareceram neste "revival", como Gene Vincent, Everly Brothers, Fats Domino e Chubby Checker, entre tantos outros, Little Richard e Chuck Berry foram os únicos a realmente sobressair. É só a partir desta fase que Richard passa a ser visto como uma autêntica mega-estrela de todos os tempos pelo público americano. Ele se auto-pronunciou o "Arquiteto do Rock", seguido por outros títulos como “O Criador”, “O Emancipador”, “O Inventor”, e é claro, nada menos do que "O Verdadeiro Rei do Rock 'n' Roll". Outro apelido curioso que ele recebeu foi "O Liberace de Bronze". Richard ainda conseguiu em 1970 outro hit moderado com "Freedom Blues". Passou o restante da primeira parte da década de 70 aparecendo em "talk-shows", dando entrevistas e fazendo pequenas apresentações em eventos nostálgicos.
Ao final de 1976, em eterno duelo com seu "outro lado", Little Richard sucumbiu novamente para a respeitabilidade de Reverendo Richard Penniman. Mas como passou a ser visto como um ícone do rock 'n' roll, seus sermões apareceram nos jornais fora de contexto. Em tais sermões, ele pregava a força absoluta da fé com frases como "Se Deus pode salvar um velho homossexual como eu, ele pode salvar qualquer um". Em jornais sensacionalistas, a frase foi explorada indevidamente e a opinião pública o viu como um traidor decadente.
Com o tempo e a idade, o artista Little Richard e seu alter ego, o Reverendo Richard Penniman, aparentemente aprenderam a conviver em paz dentro do corpo desta personalidade tão complexa. Little Richard reapareceu em 1986 para a filmagem de "Down And Out In Beverly Hills", uma comédia com Richard Drefuss e Betty Midler, onde Little Richard rouba o espetáculo como o vizinho que se irrita facilmente. O filme abriria caminho para o seu último hit até o presente, a canção "Great Gosh O' Mighty" (no link ao final da matéria). Ainda em 1986 ele foi convidado a entrar para o Rock 'n' Roll Hall of Fame, o chamado Corredor da Fama, misto de museu e título de honra para seus membros. Durante o seu discurso de agradecimento, ele começou a chorar em público, ato incomum para este artista geralmente muito seguro de si. Em seu discurso de agradecimento, declarou que este tipo de reconhecimento é como um sonho se realizando.
Pouco depois Richard Penniman voltou a pregar a palavra de Deus enquanto processava a Speciality Records, querendo reaver o dinheiro dos direitos das vendas de seus discos. Infelizmente, depois de o processo correr por quase um ano, a Justiça considerou o documento que ele assinou legal e ele fica mesmo sem direito àquela fortuna.
Durante a década de 90, novamente como Little Richard, ele passou a freqüentar a televisão americana constantemente, entre participações em seriados como Miami Vice, a documentários como "A Tribute To Woody Guthrie And Leadbelly", e propagandas como a do McDonald’s. Gravou uma participação no disco infantil da Disney "For Our Children", fez backing vocals para o dueto entre Bono Vox e BB King, "When Love Comes To Town", apareceu no Vila Sésamo participando do quadro "Kurmit Unpigged", sátira à série Unplugged da MTV, cantando "She Drives Me Crazy" e contracenando com Caco, o sapo.
Recebeu outros prêmios na década de 90, como o “Lifetime Achievement Award”, da National Academy of Recording Arts and Sciences, o “Pioneer Award”, da Rhythm & Blues Foundation, em 1994, e em reconhecimento por todas as suas contribuições e vasta influência em tantos artistas posterior ao seu auge, foi presenteado com o extremamente prestigioso “Award of Merit” pela American Music Awards, em 1997, outro momento de intensa emoção em sua carreira.
A partir de 1997, Little Richard voltou a excursionar pelo mundo com incrível disposição para um homem acima de sessenta e sete anos de idade, mantendo intacta sua imagem de roqueiro selvagem. Com incrível bom humor, ele explica que está em paz não só com sua persona artística como também com o verdadeiro Richard Penniman que existe atrás deste artista. Antes de ele poder ajudar os outros, ele precisava chegar a este meio-termo.
Fonte: Little Richard - Matérias e Biografias http://whiplash.net/materias/biografias/038466-littlerichard.html#ixzz1ydmswdkH
A sexualidade de Little Richard tem sido um tópico de debate ao longo dos anos, o próprio cantor admitiu que teve experiências homossexuais. Mais tarde, depois de "nascer de novo", disse que a homossexualidade era "contagiante" e que ele era "assexual", em uma entrevista à revista Penthouse em 1995, disse que sabia que era um homossexual. Richard teve casos com homens e mulheres.
Depois de mais de uma década de vida selvagem, Richard passou por uma série de experiências pessoais devastadoras, incluindo uma quase fatal, onde quase morreu de overdose com seu amigo de longa data Larry Williams em 1977. Ele voltou para o ministério evangélico e afastou-se novamente do rock and roll, afirmando que não foi possível servir a Deus e realizar esse estilo de música simultaneamente. Antes da morte de sua mãe em 1984, Richard prometeu a ela que continuaria a ser um cristão. Ele começou a usar o rock and roll para produzir gravações do evangelho que ele se referiu como "mensagens no ritmo", mudando sua postura, afirmando que o rock and roll pode ser usado para o bem ou o mal.
Richard permanece sozinho durante muitos anos, é profundamente espiritual, e agora vive em Moore County, no Tennessee. (Fonte: Wikepédia)
*Ex Hetero: São homossexuais ou Bissexuais que em algum momento de suas vidas tiveram que se comportar como heteros por causa da religião, mas depois voltaram atrás e reconheceram e se assumiram como realmente são. O termo surgiu de forma irônica para satirizar o termo "ex gay", se existe ex gay, tb existem ex heteros, certo?
O fato foi simplesmente que ele fez tudo errado, e ao final de uma longa e revolucionária carreira, não importava com quanta frequência estivesse certo, o quão poderoso tinha sido ou o que isso significaria para seu legado.
O Dr. Robert L. Spitzer, considerado por alguns como o pai da psiquiatria moderna, que completa 80 anos nesta semana, acordou recentemente às 4 horas da madrugada ciente de que tinha que fazer algo que não é natural para ele.
Ele se esforçou e andou cambaleando no escuro. Sua mesa parecia impossivelmente distante; Spitzer sofre de mal de Parkinson e tem dificuldade para caminhar, se sentar e até mesmo manter sua cabeça ereta.
A palavra que ele às vezes usa para descrever essas limitações –patéticas– é a mesma que empregou por décadas como um machado, para atacar ideias tolas, teorias vazias e estudos sem valor.
Agora, ali estava ele diante de seu computador, pronto para se retratar de um estudo que realizou, uma investigação mal concebida de 2003 que apoiava o uso da chamada terapia reparativa para “cura” da homossexualidade, voltada para pessoas fortemente motivadas a mudar.
O que dizer? A questão do casamento gay estava sacudindo novamente a política nacional. O Legislativo da Califórnia estava debatendo um projeto de lei proibindo a terapia como sendo perigosa. Um jornalista de revista que se submeteu à terapia na adolescência, o visitou recentemente em sua casa, para explicar quão miseravelmente desorientadora foi a experiência.
E ele soube posteriormente que um relatório da Organização Mundial de Saúde, divulgado na quinta-feira (17), considera a terapia “uma séria ameaça à saúde e bem-estar –até mesmo à vida– das pessoas afetadas”.
Os dedos de Spitzer tremiam sobre as teclas, não confiáveis, como se sufocassem com as palavras. E então estava feito: uma breve carta a ser publicada neste mês, na mesma revista onde o estudo original apareceu.
“Eu acredito que devo desculpas à comunidade gay”, conclui o texto.
Perturbador da paz
A ideia de estudar a terapia reparadora foi toda de Spitzer, dizem aqueles que o conhecem, um esforço de uma ortodoxia que ele mesmo ajudou a estabelecer.
No final dos anos 90 como hoje, o establishment psiquiátrico considerava a terapia sem valor. Poucos terapeutas consideravam a homossexualidade uma desordem.
Nem sempre foi assim. Até os anos 70, o manual de diagnóstico do campo classificava a homossexualidade como uma doença, a chamando de “transtorno de personalidade sociopática”. Muitos terapeutas ofereciam tratamento, incluindo os analistas freudianos que dominavam o campo na época.
Os defensores dos gays fizeram objeção furiosamente e, em 1970, um ano após os protestos de Stonewall para impedir as batidas policiais em um bar de Nova York, um grupo de manifestantes dos direitos dos gays confrontou um encontro de terapeutas comportamentais em Nova York para discutir o assunto. O encontro foi encerrado, mas não antes de um jovem professor da Universidade de Columbia sentar-se com os manifestantes para ouvir seus argumentos.
“Eu sempre fui atraído por controvérsia e o que eu ouvi fazia sentido”, disse Spitzer, em uma entrevista em sua casa na semana passada. “E eu comecei a pensar, bem, se é uma desordem mental, então o que a faz assim?”
Ele comparou a homossexualidade com outras condições definidas como transtornos, tais como depressão e dependência de álcool, e viu imediatamente que as últimas causavam angústia acentuada e dano, enquanto a homossexualidade frequentemente não.
Ele também viu uma oportunidade de fazer algo a respeito. Spitzer era na época membro de um comitê da Associação Americana de Psiquiatria, que estava ajudando a atualizar o manual de diagnóstico da área, e organizou prontamente um simpósio para discutir o lugar da homossexualidade.
A iniciativa provocou uma série de debates amargos, colocando Spitzer contra dois importantes psiquiatras influentes que não cediam. No final, a associação psiquiátrica ficou ao lado de Spitzer em 1973, decidindo remover a homossexualidade de seu manual e substituí-la pela alternativa dele, “transtorno de orientação sexual”, para identificar as pessoas cuja orientação sexual, gay ou hétero, lhes causava angústia.
Apesar da linguagem arcana, a homossexualidade não era mais um “transtorno”. Spitzer conseguiu um avanço nos direitos civis em tempo recorde.
“Eu não diria que Robert Spitzer se tornou um nome popular entre o movimento gay mais amplo, mas a retirada da homossexualidade foi amplamente celebrada como uma vitória”, disse Ronald Bayer, do Centro para História e Ética da Saúde Pública, em Columbia. “‘Não Mais Doente’ foi a manchete em alguns jornais gays.”
Em parte como resultado, Spitzer se encarregou da tarefa de atualizar o manual de diagnóstico. Juntamente com uma colega, a dra. Janet Williams, atualmente sua esposa, ele deu início ao trabalho. A um ponto ainda não amplamente apreciado, seu pensamento sobre essa única questão –a homossexualidade– provocou uma reconsideração mais ampla sobre o que é doença mental, sobre onde traçar a linha entre normal e não.
O novo manual, um calhamaço de 567 páginas lançado em 1980, se transformou em um best seller improvável, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Ele estabeleceu instantaneamente o padrão para futuros manuais psiquiátricos e elevou seu principal arquiteto, então próximo dos 50 anos, ao pináculo de seu campo.
Ele era o protetor do livro, parte diretor, parte embaixador e parte clérigo intratável, rosnando ao telefone para cientistas, jornalistas e autores de políticas que considerava equivocados. Ele assumiu o papel como se tivesse nascido para ele, disseram colegas, ajudando a trazer ordem para um canto historicamente caótico da ciência.
Mas o poder tem seu próprio tipo de confinamento. Spitzer ainda podia perturbar a paz, mas não mais pelos flancos, como um rebelde. Agora ele era o establishment. E no final dos anos 90, disseram amigos, ele permanecia tão inquieto como sempre, ávido em contestar as suposições comuns.
Foi quando se deparou com outro grupo de manifestantes, no encontro anual da associação psiquiátrica em 1999: os autodescritos ex-gays. Como os manifestantes homossexuais em 1973, eles também se sentiam ultrajados por a psiquiatria estar negando a experiência deles –e qualquer terapia que pudesse ajudar.
A terapia reparativa
A terapia reparativa, às vezes chamada de terapia de “conversão” ou “reorientação sexual”, é enraizada na ideia de Freud de que as pessoas nascem bissexuais e podem se mover ao longo de um contínuo de um extremo ao outro. Alguns terapeutas nunca abandonaram a teoria e um dos principais rivais de Spitzer no debate de 1973, o dr. Charles W. Socarides, fundou uma organização chamada Associação Nacional para Pesquisa e Terapia da Homossexualidade (Narth, na sigla em inglês), no sul da Califórnia, para promovê-la.
Em 1998, a Narth formou alianças com grupos de defesa socialmente conservadores e juntos eles iniciaram uma campanha agressiva, publicando anúncios de página inteira em grandes jornais para divulgar histórias de sucesso.
“Pessoas com uma visão de mundo compartilhada basicamente se uniram e criaram seu próprio grupo de especialistas, para oferecer visões alternativas de políticas”, disse o dr. Jack Drescher, psiquiatra em Nova York e coeditor de “Ex-Gay Research: Analyzing the Spitzer Study and Its Relation to Science, Religion, Politics, and Culture”.
Para Spitzer, a pergunta científica no mínimo valia a pena ser feita: qual era o efeito da terapia, se é que havia algum? Estudos anteriores tinham sido tendenciosos e inconclusivos.
“As pessoas me diziam na época: ‘Bob, você vai arruinar sua carreira, não faça isso’”, disse Spitzer. “Mas eu não me sentia vulnerável.”
Ele recrutou 200 homens e mulheres, dos centros que realizavam a terapia, incluindo o Exodus International, com sede na Flórida, e da Narth. Ele entrevistou cada um profundamente por telefone, perguntando sobre seus impulsos sexuais, sentimentos, comportamentos antes e depois da terapia, classificando as respostas em uma escala.
Spitzer então comparou os resultados de seu questionário, antes e depois da terapia. “A maioria dos participantes relatou mudança de uma orientação predominante ou exclusivamente homossexual antes da terapia, para uma orientação predominante ou exclusivamente heterossexual no ano passado”, concluiu seu estudo.
O estudo –apresentado em um encontro de psiquiatria em 2001, antes da publicação– tornou-se imediatamente uma sensação e grupos de ex-gays o apontaram como evidência sólida de seu caso. Afinal aquele era Spitzer, o homem que sozinho removeu a homossexualidade do manual de transtornos mentais. Ninguém poderia acusá-lo de tendencioso.
Mas líderes gays o acusaram de traição e tinham suas razões.
O estudo apresentava problemas sérios. Ele se baseava no que as pessoas se lembravam de sentir anos antes –uma lembrança às vezes vaga. Ele incluía alguns defensores ex-gays, que eram politicamente ativos. E não testava uma terapia em particular; apenas metade dos participantes se tratou com terapeutas, enquanto outros trabalharam com conselheiros pastorais ou em grupos independentes de estudos da Bíblia.
Vários colegas tentaram impedir o estudo e pediram para que ele não o publicasse, disse Spitzer.
Mas altamente empenhado após todo o trabalho, ele recorreu a um amigo e ex-colaborador, o dr. Kenneth J. Zucker, psicólogo-chefe do Centro para Vício e Saúde Mental, em Toronto, e editor do “Archives of Sexual Behavior”, outra revista influente.
“Eu conhecia o Bob e a qualidade do seu trabalho, e concordei em publicá-lo”, disse Zucker em uma entrevista na semana passada.
O artigo não passou pelo habitual processo de revisão por pares, no qual especialistas anônimos avaliam o artigo antes da publicação.
“Mas eu lhe disse que o faria apenas se também publicasse os comentários” de resposta de outros cientistas para acompanhar o estudo, disse Zucker.
Esses comentários, com poucas exceções, foram impiedosos. Um citou o Código de Nuremberg de ética para condenar o estudo não apenas como falho, mas também moralmente errado.
“Nós tememos as repercussões desse estudo, incluindo o aumento do sofrimento, do preconceito e da discriminação”, concluiu um grupo de 15 pesquisadores do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, do qual Spitzer era afiliado.
Spitzer não deixou implícito no estudo que ser gay era uma opção, ou que era possível para qualquer um que quisesse mudar fazê-lo com terapia. Mas isso não impediu grupos socialmente conservadores de citarem o estudo em apoio a esses pontos, segundo Wayne Besen, diretor executivo da Truth Wins Out, uma organização sem fins lucrativos que combate o preconceito contra os gays.
Em uma ocasião, um político da Finlândia apresentou o estudo no Parlamento para argumentar contra as uniões civis, segundo Drescher.
“Precisa ser dito que quando este estudo foi mal utilizado para fins políticos, para dizer que os gays deviam ser curados –como ocorreu muitas vezes. Bob respondia imediatamente, para corrigir as percepções equivocadas”, disse Drescher, que é gay.
Mas Spitzer não conseguiu controlar a forma como seu estudo era interpretado por cada um e não conseguiu apagar o maior erro científico de todos, claramente atacado em muitos dos comentários: simplesmente perguntar para as pessoas se elas mudaram não é evidência de mudança real. As pessoas mentem, para si mesmas e para os outros. Elas mudam continuamente suas histórias, para atender suas necessidades e humores.
Resumindo, segundo quase qualquer medição, o estudo fracassou no teste do rigor científico que o próprio Spitzer foi tão importante em exigir por muitos anos.
“Ao ler esses comentários, eu sabia que era um problema, um grande problema, e um que eu não podia responder”, disse Spitzer. “Como você sabe que alguém realmente mudou?”
Reconhecimento
Foram necessários 11 anos para ele reconhecer publicamente.
Inicialmente ele se agarrou à ideia de que o estudo era exploratório, uma tentativa de levar os cientistas a pensarem duas vezes antes de descartar uma terapia de cara. Então ele se refugiou na posição de que o estudo se concentrava menos na eficácia da terapia e mais em como as pessoas tratadas com ele descreviam mudanças na orientação sexual.
“Não é um pergunta muito interessante”, ele disse. “Mas por muito tempo eu pensei que talvez não tivesse que enfrentar o problema maior, sobre a medição da mudança.”
Após se aposentar em 2003, ele permaneceu ativo em muitas frentes, mas o estudo da terapia reparativa permaneceu um elemento importante das guerras culturais e um arrependimento pessoal que não o deixava em paz. Os sintomas de Parkinson pioraram no ano passado, o esgotando física e mentalmente, tornando ainda mais difícil para ele lutar contra as dores do remorso.
E, em um dia em março, Spitzer recebeu um visitante. Gabriel Arana, um jornalista da revista “The American Prospect”, entrevistou Spitzer sobre o estudo sobre terapia reparativa. Aquela não era uma entrevista qualquer; Arana se submeteu à terapia reparativa na adolescência e o terapeuta dele recrutou o jovem para o estudo de Spitzer (Arana não participou).
“Eu perguntei a ele sobre todos os seus críticos e ele disse: ‘Eu acho que eles estão certos’”, disse Arana, que escreveu sobre suas próprias experiências no mês passado. Arana disse que a terapia reparativa acabou adiando sua autoaceitação e lhe induziu a pensamentos de suicídio. “Mas na época que fui recrutado para o estudo de Spitzer, eu era considerado uma história de sucesso. Eu teria dito que estava fazendo progressos.”
Aquilo foi o que faltava. O estudo que na época parecia uma mera nota de rodapé em uma grande vida estava se transformando em um capítulo. E precisava de um final apropriado –uma forte correção, diretamente por seu autor, não por um jornalista ou colega.
Um esboço da carta já vazou online e foi divulgado.
“Você sabe, é o único arrependimento que tenho; o único profissional”, disse Spitzer sobre o estudo, perto do final de uma longa entrevista. “E eu acho que, na história da psiquiatria, eu não creio que tenha visto um cientista escrever uma carta dizendo que os dados estavam lá, mas foram interpretados erroneamente. Que tenha admitido isso e pedido desculpas aos seus leitores.”
Ele desviou o olhar e então voltou de novo, com seus olhos grandes cheios de emoção. “Isso é alguma coisa, você não acha?”
Moisés? Apóstolo Paulo? João Batista? Davi? Quem realmente escreveu o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra? Traduções, edições, a bíblia modificada através dos tempos e as Culturas que a influenciaram.
Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo. Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus – na verdade, as duas divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.
Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente haviam sido inspirados por Deus.
“A escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”. E por isso definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.
Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de “apócrifos” – palavra que vem do grego apocrypha, “o que foi ocultado”. A maioria dos apócrifos se perdeu – afinal de contas, os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma certa “Maria” que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram aceitas no clero – e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias. Foi só no século 3 que o sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás, tudo indica que Madalena não foi prostituta – idéia que teria surgido por um erro na interpretação do livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher, também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).
Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas – e suspeitos. É o caso de uma passagem atribuída ao apóstolo Paulo: “A mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e depois Eva”. É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras – porque, na época em que ele viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido adicionada por algum escriba por volta do século 2. (Será que os texto em que Paulo fala sobre homossexualidade também não podem ter sido alterados ou incluídos?)
Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.
Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo mundo conhece. “A Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente”, explica o padre Luigi. Ela é tão influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim: cornuta esse facies sua, ou seja, “sua face tinha chifres”. Esse detalhe esquisito foi levado a sério por artistas como Michelangelo – sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano, está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que pode significar tanto “chifre” quanto “raio de luz”. A tradução correta está na Septuaginta: o profeta tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo da Idade Média – durante séculos, não houve outras traduções.
O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas. Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.
Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu – foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo “babilônios” por “infiéis” no texto do Antigo Testamento – um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com os espanhóis a posse da península Ibérica....
Na última parte da nossa série vamos falar sobre escrituras em série, a bíblia na era da imprensa.
2012 começou e nós resolvemos trazer algumas novidades ao blog. E uma delas é nossa nova coluna Boy Unção... (risos). Se "no mundo" eles tem os "Boy Magia" nós temos nossos "Boy Unção"... Quem dentro da igreja nunca lutou "contra sua carne" para não retorcer o pescoço para aquele gatinho no púlpito ou em um dos bancos ao redor? Mas como aqui nós somos libertos de verdade podemos apreciar (com moderação, é claro) as obras primas que Deus colocou dentro da igreja. E uma delas, uma das que eu sempre admirei, se chama Duca Tambasco... Ele era super unção quando o conheci (uns 10 anos mais novo), porém o tempo não tem feito nem um pouco mal a ele. Para quem ainda não o conhece:
Eduardo Tambasco (São Paulo, 15 de abril de 1976), mais conhecido como Duca Tambasco é um baixista brasileiro, mais conhecido pelo seu trabalho junto à banda cristã Oficina G3. Apesar de não ser membro da formação original da banda, entrou quando a banda estava no seu terceiro álbum, em 1994.
Duca Tambasco nasceu numa família cristã, e junto com os seus irmãos Rodrigo e Déio Tambasco (guitarrista da banda Katsbarnea), foi incentivado desde criança a tocar música na igreja a qual frequentava. Começou a tocar contrabaixo aos oito anos de idade. Na adolescência participou de várias bandas, entre elas Anno Domini, onde tocava com o seu irmão Déio Tambasco e com o baterista Lufe (ex-Oficina G3).
Em 1994 juntou-se ao Oficina G3, entrando no lugar do antigo baixista, Wagner Maradona García, a convite do baterista Walter Lopes. Duca participou, no mesmo ano, como convidado especial da gravação em CD do álbum Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho, já que a banda planejava gravar faixas extras como bônus. Vale notar que o álbum já tinha a versão em disco de vinil, de 1993. Dois anos depois gravou com o Oficina G3 o álbum Indiferença, e desde então Duca Tambasco é um integrante oficial da banda.
Duca é um dos cinco integrantes da formação atual, e já gravou, ao todo, nove álbuns com o grupo. Atualmente, além de trabalhar com a banda, Duca é professor de baixo. Entre seus hobbies, está a prática de artes marciais (judô e jiu-jitsu). É casado com Ester (Teca) Tambasco com quem tem uma filha, Naomi Tambasco. Fonte: Wikepédia
Como prometido a partir de 2012 estaremos escolhendo entre nossos leitores um casal para ilustrar a capa do nosso facebook. (Quer ser capa também? Saiba como participar da promoção, veja as regras aqui).
E o casal escolhido para o mês de janeiro são meus amigos Sergio & Emanuel.
Conheça a história deles:
A gente se conheceu em 23 de abril de 2007. Era feriado no Rio de Janeiro, dia do santo mais popular entre cariocas e fluminenses: São Jorge. Emanuel havia sido promovido e foi transferido de Fortaleza (sua cidade natal) para o Rio de Janeiro. Um amigo em comum foi quem nos colocou em contato. Não me empolguei em marcar logo um encontro, pensando que fosse apenas mais uma pessoa interessada em conhecer os pontos principais da cidade, e eu estava com muito pouco tempo para sair, devido ao trabalho, estudos, e outros compromissos.
Foi por isso que só me animei em encontra-lo no feriado.
Ele também pensava que eu fosse muito baladeiro e se perguntava se eu ia querer aqueles programas óbvios: bar, boate e coisas assim. Ele não queria.
Estávamos enganados. Eu não estava nem um pouco interessado em me aventurar na noite carioca e ele não pretendia transitar pra cá e pra lá. Conclusão: acabamos jantando juntos na minha casa. Preparei um macarrão com molho caprichado e comemos juntos. Conversamos muito. Mas, por alguma razão já nos sentíamos identificados um com o outro. Isso acabou criando um clima de romance e ficamos naquela mesma noite. Foi especial. Desde aquela noite, nunca mais nos separamos. Já são mais de quatro anos de convivência. Nossas famílias se dão super bem. Meus filhos adoram o Emanuel e vice-versa. A mãe dele e seus irmãos me trataram como rei quando fui lá. Meus pais tratam o Emanuel com carinho e atenção.
Sem que nada fosse planejado e sem que estivéssemos procurando, de repente, fomos surpreendidos pelo amor que foi crescendo a cada dia, com as alegrias e tristezas que a vida comporta, mas estamos em boa sintonia. O que mais poderíamos querer?
(Por Sergio Viula)