domingo, 19 de junho de 2011

ESPECIAL Judeus Gays (JGs)


Se existem GGs (Gospel Gays) claro que JGs (Judeus Gays) também né?
E hoje nosso post especial é dedicado a religião "mãe do cristianismo".
Eu já tinha vontade de fazer um post sobre o tema, mas hoje um amigo me enviou um video do Omer Tobi abordando o tema, então decidi tirar a idéia do papel.




“Não te deitarás com um homem como se deita com uma mulher. É uma abominação.” 
Assim diz a Torá, que, como a maioria dos tratados religiosos, abomina relações homossexuais. Prometer que os gays “certamente serão condenados à morte; seu sangue deverá ser escorrido por eles” é provavelmente uma das poucas coisas que judeus, muçulmanos e cristãos partilham entre si.  Apesar da pena de morte não ser praticada no judaísmo desde que Jesus apareceu, a homossexualidade é vista como um tipo de doença mental, que possivelmente pode ser curada através de terapia e reabilitação, assim como em muitas igrejas católicas e evangélicas.

Diretor israelense Haim Tabakman
O diretor israelense Haim Tabakman resolveu abordar esse tema em Eyes Wide Open (Pecado da Carne), um filme fantástico sobre um pai de quatro filhos em Jerusalém que se apaixona por um estudante de 19 anos. Eventualmente, a comunidade descobriu – os resultados foram homofóbicos. É um drama tenso e brilhante.
Haim deu uma entrevista para o site Viceland:


Vice: Que tipo de reações você viu quando começou a fazer o filme?
Haim:
 Reações diferentes. Nos extratos mais sérios e intelectuais, [o filme] foi considerado muito fácil, com muita exploração e voyeurista. E, claro, as pessoas religiosas que conhecia me diziam para não o fazer. Tipo: “por que pegar dinheiro do governo para fazer um filme sobre esse assunto?” Foi um grande desafio, fazer este filme foi uma grande tarefa. Queria fazer algo verdadeiramente significante. O herói do filme vive destroçado, pois é completamente devoto à religião – o problema é que há uma falha na religião judaica em não reconhecer que um homem pode ter inclinação para dormir com outro.
Teve algum ator ou membro da equipe que não quis participar do filme por causa do seu tema polêmico?
Tive problema com atores que não quiseram fazer parte do projeto, mas por um lado eu me senti abençoado por isso. Em Israel não existem muitos atores de qualidade, e o fato dos atores mais comuns terem recusado participar graças à natureza do projeto fez com que eu tivesse que procurar mais e experimentar outros. É bom trabalhar com pessoas com gana de representar.
Soube que você teve apoio de pessoas religiosas que preferiram se manter anônimas.
Sim, ainda que fossem pessoas que levam vidas duplas. Um deles nem é religioso, mas se passa por um para manter as aparências. Outro é um gay ortodoxo que leva uma vida dupla. E também tiveram pessoas que costumavam ser da comunidade, mas saíram. Ninguém diretamente dentro do sistema queria me ajudar.
Existe um grande medo de ir contra a comunidade?
Sim, porque isso seria muito problemático. Nenhuma das pessoas que me ajudou quis ser creditada. Daria muita dor de cabeça para eles.
Você teve algum problema em filmar nas ruas, com a comunidade ortodoxa?
Sim. A maior parte do filme foi rodada em Jaffa ou nas zonas menos religiosas de Jerusalém. Mas nas partes feitas nos bairros ortodoxos, adotamos um estilo de filmagem mais do tipo documentário. Tivemos que ser muito rápidos. Tivemos alguma oposição – atiraram pedras contra nós e nos mandaram ir embora. Mas eles têm problemas com qualquer tipo de filmagem por lá, não só com este tema.
É fisicamente perigoso se assumir homossexual na comunidade?
Só se você for teimoso. Primeiro podem apenas falar com você, mas se persistir com a teimosia, aí pode ficar violento. Existem vários homossexuais que vivem vidas duplas, assim como também tem aqueles que, como na minha história, querem combater as injustiças e viver abertamente. Mas, basicamente, é uma sociedade que quer se manter fiel e tem legitimidade para fazer isso. Eles vivem de acordo com o livro sagrado, e lá está escrito, muito claramente: se dormir com outro homem, você será apedrejado até a morte. Mas existem maneiras engraçadas de se interpretar isso. O que é dormir com outro homem? Alguns ortodoxos dizem que se não houver ejaculação então você não dormiu com outro homem.
Ah, como quando o Bill Clinton disse que um boquete não era sexo.
Exatamente. Alguns dizem que se não rolar sexo anal tá OK. É um tipo de comédia trágica.
Quão controverso foi o filme em Israel?
Não muito, porque os ortodoxos não vão ao cinema. Mas agora que está em DVD, e que pode ser baixado online, há muito mais discussão sobre ele. A ironia é que há muitos computadores na comunidade ortodoxa. Eles não podem ter televisores porque são considerados, desde o início, portadores do pecado, mas os computadores ficaram só tachados como ferramentas de trabalho. Ninguém previu o potencial da internet. Mas, também, o filme não tem nenhum vilão óbvio. Quis transmitir que todo mundo tem as sua razão. Isso é o que torna a vida tão difícil. Tentei mostrar, não julgar.
ALEX GODFREY / VICE UK
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BRASIL






DOWNLOAD AQUI  (senha: intercinegay)


Em Israel existe um grupo de Lésbicas ortodoxas, o OrthoDykes 
É um grupo de lésbicas judias ortodoxas. Ele existe para ser um lugar onde as lésbicas Ortodoxa possam se encontrar ou falar com outras lésbicas Ortodoxa. É para as mulheres que estão atualmente frum (apelido para ortodoxos, algo como crente para os evangélicos) ou que estão pensando seriamente em se tornar frum.
Mulheres que costumavam ser frum, mas não são mais são bem-vindas, desde que elas concordem em ser respeitosas com a Ortodoxia. O grupo é principalmente para aqueles que querem ser Ortodoxas, e elas devem respeitar isso.
Mulheres bissexuais que estão em parceria com outras mulheres são bem-vindas, como são as mulheres TS que estão vivendo em tempo integral com outras mulheres.



No Brasil também existe um grupo de Judeus Gays é o JGBR, e seu fundador Ari Terpaman deu uma entrevista para ASA uma associação judaíca de cultura e recreação, leiam:

“Queremos ter a nossa existência reconhecida”
ENTREVISTA / ARI TEPERMAN
Ari Teperman nem sempre é recebido com cortesia em meios comunitários. Agora em maio, porém, esse paulista de 42 anos, analista de comunicação sênior e analista de sistemas, tem programada uma palestra na Congregação Judaica do Brasil, na Barra da Tijuca. O assunto é algo que o mobiliza desde no mínimo 1999, ano em que fundou o Grupo de Judeus Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Simpatizantes Brasileiros. Segundo ele, dos 320 membros do grupo, 70% são homens e 30%, mulheres. Sessenta por cento vivem na cidade de São Paulo, 35% no Rio de Janeiro e 5% em Porto Alegre e Curitiba. O grupo debate, entre outros, temas como direitos humanos, cidadania, união civil, judaísmo, sionismo e homossexualidade x religião.

Ary e seu companheiro Jay Ferro
            Ari estudou no I.L.Peretz e durante dez anos seguiu a linha ortodoxa. Hoje, é voluntário de uma instituição judaica que fornece alimentos a pessoas carentes. De São Paulo, por e-mail, ele respondeu as seguintes perguntas do Boletim:
ASA – Em quê o grupo difere de organizações do movimento gay atuantes na sociedade maior?
Ari -  O Grupo JGBR foi o primeiro  que se preocupou com a questão da identidade religiosa interligada com a identidade sexual, além de ser pioneiro em reunir todos os gêneros sexuais e de integrar uma organização estrangeira de apoio a homossexuais judeus. Apesar de não existirmos perante a lei, temos nossa organização administrativa. No momento não somos um grupo político. Procuramos fazer com que a comunidade judaica reconheça a nossa existência, quebre o silêncio sobre o assunto e nos permita participar da vida comunitária. Estamos numa situação mais primitiva que os outros gays, pois a comunidade judaica no Brasil se dá ao luxo  de propagar  que não existem judeus gays.
ASA – Uma pesquisa recentemente realizada pela Unesco com cerca de 16 mil jovens entre 10 e 24 anos em 14 capitais brasileiras concluiu que 27% não gostariam de ter um colega homossexual. A mesma carga de preconceito também pode ser sentida na comunidade judaica?
Ari – Sim, e com muito mais intensidade. O preconceito nessa faixa etária entre os judeus é muito forte. Fui expulso de um grupo virtual de jovens do Bnei Akiva do Rio de Janeiro quando minha homossexualidade foi descoberta. Além de expulso, fui humilhado publicamente na virtualidade. E isso é proibido pela Torá.
ASA – Quais são as principais reivindicações, vitórias e fracassos do grupo?
Ari – A nossa primeira reivindicação é termos nossa existência reconhecida pela comunidade judaica para que possamos ocupar e partilhar nosso lugar dentro dela. Entre as vitórias cito nosso site (www.jgbr.com.br), que transmite conhecimento e representa alento a  gays não só judeus como de outros credos, além de ser um canal com os familiares dos judeus gays. Somos filiados ao World Congress of Gay, Lesbian, Bissexual and Transgender Jews: Keshet Ga’avah (http://www.glbtjews.org/) e estamos negociando nossa filiação à Federação Israelita do Estado de São Paulo-Fisesp. Estamos trazendo de volta para o judaísmo judeus que se sentiam excluídos. Conseguimos um espaço dentro de grupos universitários judaicos e mantemos um diálogo que permitiu a troca de conhecimentos. Somos colunistas em três portais judaicos. Estamos, aos poucos,  abrindo espaços dentro de algumas sinagogas. Em maio daremos uma palestra em uma sinagoga do Rio de Janeiro. Fomos convidados, em virtude da nossa experiência positiva, a dar uma palestra no congresso de judeus gays de todo o mundo que se realizará em junho, no México. O grupo possui um telefone para prestar auxílio moral a gays judeus e de outros credos e formou uma parceria com um Grupo de Mães de Homossexuais, o que é inédito no Brasil. Já desenvolvemos trabalho voluntário de forma não identificada em algumas instituições judaicas. Estamos fazendo com que a comunidade judaica perceba os seus próprios preconceitos, pois dentro dela existem outros grupos de excluídos, além dos homossexuais, como pobres, idosos, deficientes físicos e mentais, drogados, alcoólatras etc. Não há propriamente fracassos, e sim fatos causados por inexperiência, já que somos pioneiros. Pelo que sabemos, somos o primeiro grupo de judeus gays, organizados administrativamente e com identidade reconhecida, na história do povo judeu no Brasil.
ASA – Como o grupo vê a batalha pela legalização do casamento entre homossexuais no mundo?
Ari – Vemos de uma forma muito positiva, já que a união civil abrirá portas para conquistas de outros direitos. Esperamos que em breve no Brasil também seja legalizado.
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