Se você já foi reprimido por sistemas religiosos que te ofereceram algum tratamento milagroso para transforma-lo em hetero, mas conseguiu se libertar dessa mentira, seja bem vindo. Venha ajudar quem ainda está aprisionado a encontrar a verdadeira liberdade.
sábado, 16 de abril de 2011
Testemunho: Eric Leocardio
Meu nome é Eric Leocadio. Eu sou um sobrevivente das terapias de Tratamentos de Reversão.
Dizer que eu queria ser hetero é um eufemismo. Eu sabia que era gay desde que eu tinha 9 anos de idade. Mesmo nesta idade, eu sabia como isso era socialmente inaceitável para mim como para outros meninos da minha idade. Nunca foi algo que eu tivesse que descobrir. Eu simplesmente sabia que eu era gay e que ninguém poderia saber.
No momento em que cheguei ao meu primeiro ano na escola, eu tentei me matar. Eu era um adolescente e a mensagem que recebi durante tantos anos pelos meus amigos, minha família, meus colegas, era que eu não era normal, porque eu era gay. Eu me olhava no espelho e eu odiava aquele cara. Então, eu quis morrer. . .
Eu estava cansado de me sentir rejeitado. Eu estava cansado de me sentir diferente. Eu estava cansado de me sentir sozinho, pois ninguém sabia quem eu era, porque havia uma parte de mim que tinha que ficar em segredo. O armário é um lugar solitário.
Eu tinha 14 anos quando pus em minhas duas mãos uma concha cheia de comprimidos (aspirina, paracetamol, etc) ingeri cada um, com um pouco de água. Então eu adormeci. Três horas depois, acordei em completo arrependimento quando comecei o processo de ter meu corpo involuntariamente vomitando o conteúdo do meu estômago. Vomitei por vários minutos, divinamente cronometrados, desde as 07:00 da manhã até as 5:00 da tarde de hora em hora em ponto. Estas sessões foram cansativas com o que eu chamo de meu “porcelain punisher”. Vivi 10 horas do inferno da "bile-failled". Depois de passar por isso, eu queria morrer!
Eu não contei a ninguém em casa o que eu tinha feito. Ninguém teria me levado para o hospital. Assim, Deus, antes que eu o conhecesse, lavou meu estômago para mim. Percebi, então, que ele não tinha se revelado a mim ainda.
Eu sobrevivi, na dor, o meu próprio suicídio.
Eu finalmente me tornei um cristão quando eu tinha 16 anos de idade. Eu cresci na fé e no conhecimento de Deus e eu abracei a família e a cultura da Igreja que eu queria desesperadamente ser parte e ser aceito por ela. Esta foi uma cultura que valorizava a heterossexualidade como principal e superior. Se revelar como qualquer coisa que não fosse hetero, teria sido suicídio social. E eu fazia parte dessa cultura. Por mais de 12 anos, eu acreditei, ensinei e defendi que era um pecado ser gay. Minhas únicas saídas de expressar a minha sexualidade eram limitadas às coisas feitas em sigilo. Isso ainda fraturou minha auto estima, eu mantinha uma vida dualista, uma vivida à luz pública e outra na escuridão privada.
Eu tinha pedido a Deus para me mudar. Eu tinha suplicado a Deus que me perdoasse. Eu seria o primeiro a admitir que eu cometi alguns erros. Tenho feito coisas que eu lamento. Mas você não pode desenvolver uma sexualidade saudável nos lugares secretos. Eu explorei a minha sexualidade de forma saudável, sem a participação da minha comunidade espiritual, porque falar sobre isso significaria revelar o segredo que eu era gay. E a Igreja não é tão boa em falar sobre seus próprios segredos e tabus.
Eu decidi que precisava de ajuda, foi então que participei do programa de tratamento para reversão sexual da Desert Stream Ministries. Por cerca de dois anos entre 2002 e 2004, fiz parte de seus grupos de apoio informal chamado Cross Current. Em 2004, eu completei o programa de seis meses, chamado Living Waters concebido para ajudar pessoas com o seu "quebrantamento sexual e relacional". Na época, eu acreditava junto com eles que a homossexualidade era uma forma de angústia. Eu pensei que estava quebrado. Eles me disseram que adotar um sistema de valores heterossexuais era necessário para a minha recuperação e integridade.
Depois de gastar centenas de dólares e incontáveis horas no programa de reversão, eu me formei, ainda acreditando que ser gay era um pecado e que ser hetero era o ideal. Ao contrário de tantos outros que sobreviveram a experiências traumáticas de programas como estes, eu fui um dos sortudos que não sai do programa aterrorizado. Talvez, porque eu comprei a noção de que eu poderia ter de viver como gay pelo resto da minha vida, mas que não eram ferramentas que eu poderia implementar para suprimir a minha homossexualidade, então eu pude me apresentar como externamente hetero, como ex -gay.
Ao longo dos anos, eu costumava participar e liderar grupos de oração, por vezes, contra a comunidade gay. Mas enquanto eu pedia essas coisas a Deus, ao mesmo tempo, ele me respondeu de volta por um período de meses me pedindo duas coisas: Por que você está orando contra um povo que não conhece exatamente? Por que você está orando contra eles quando você é um deles?
Deus me levou a perceber que eu realmente não sabia quem eram as pessoas gays, porque fora da minha própria vergonha eu evitava. Ele também desafiou a minha hipocrisia. Eu percebi que eu não poderia reconhecer minhas próprias crenças de que estava errado em ser gay. Eu acreditava nessas coisas porque é a única coisa que me ensinaram. Assim, em 2005, eu comecei a minha jornada pessoal de permitir que os meus dois mundos se colidissem e se fundissem, para introduzir o que chamo de "zona quente" - o lugar da conversa, onde a questão da fé e da sexualidade e Deus não são mais o um tabu.
Eu investi muitas horas de oração, mas desta vez não foi para Deus me transformar em hetero, mas foi para que Deus me mostrasse seu coração para as pessoas homossexuais. Passei um tempo estudando as escrituras, as passagens que falam sobre a homossexualidade e comecei a olhar para a Bíblia de outra forma, como um todo e em contexto com esta nova lente. Comecei a conhecer pessoas gays ausente de qualquer agenda de conversão. Eu não estava indo para converter ninguém a ser hetero ou cristão. Minha intenção era apenas de conhecer pessoas e construir um relacionamento verdadeiro. O que eu encontrei, meu paradigma mudou.
Eu descobri que Deus estava presente na comunidade gay. Eu tinha assumido o erro que eles estavam cheios de trevas, mas descobri que Deus estava entre eles. Eu conheci pessoas amáveis, gays que amavam a Deus e queriam aprender mais sobre ele. Conheci cristãos gays com uma fé genuína. Eu conheci gays que realmente tinham conversas espirituais em cafés, livrarias, discotecas, bares e em restaurantes. Conheci pessoas homossexuais que firmaram um estilo de vida de compromisso e da monogamia e de fé.
Ser uma testemunha, a estas coisas abriu uma lata de minhocas para mim. Eu vi Deus no meio do povo que a Igreja interpreta como impuros. Ótimo! E agora? O que isso significa para todos os meus que já declararam suposições equivocadas a respeito de gays e seu lugar na Igreja? Eu estava errado. Eu tive que mudar meu paradigma baseado no que Deus estava revelando para mim. Sei como é difícil para as pessoas (como eu) que tinham sido tão confiante sobre tais suposições sobre os gays. Exige humildade. A verdade é que desde que Deus está presente, operante, comovente e tocante, há uma luz dentro da comunidade gay e descobri que era realmente possível viver uma vida de fé genuína em Deus dentro do contexto de ser uma pessoa gay. Então eu precisava conciliar a minha fé e minha sexualidade.
Reconheço que sou um cristão gay.
Eu contei minha jornada no meu blog, isso serviu como uma saída para eu processar meus pensamentos. Recebi respostas incríveis, incluindo inúmeros emails de pessoas ao redor do mundo que se identificavam com o que eu estava contando. Como eu contei minha história e como descobri o outro, de repente, eu não estáva mais sozinho. Havia mais alguém em algum lugar lá fora, que compreendeu. Nos últimos dois anos, tenho recebido um público global, com mais de 61.000 acessos ao blog. Começou então a se desenvolver uma espécie de comunidade que como eu tem sido cada vez mais disposta a se sensibilizar com a minha história.
Tenho visto que perceberam que os programas de reversão sexual e a minha Igreja apresentam uma mensagem mista para pessoas como eu. Dizem-nos que Deus nos ama incondicionalmente, mas que a Igreja irá condicionalmente nos aceitar, contanto que conformado com a sua interpretação de "totalidade". É esta mensagem mista que deixa as pessoas com uma difícil escolha: renunciar à sua sexualidade ou a renunciar à sua fé.
Estas são as vítimas dos programas de reversão sexual.
A verdade é que somos parte da Igreja de Deus. Independentemente de estarem ou não na Igreja que nos aceita como parte dela mesma, Deus nos aceitou pela fé em Cristo.
Não há problema em voltar.
Como um sobrevivente dos tratamentos de reversão, eu sei como é estar em um clima espiritual hostil à minha sexualidade. Eu sobrevivi ao suicídio. Eu sobrevivi minhas próprias tentativas de manipular a minha identidade. Agora eu encontrei a paz e a cura através da autenticidade.
Eu posso não ser perfeito, mas estou inteiro.
Fiz decisões difíceis em minha vida. Eu fiz coisas que eu lamento. No entanto, minha personagem não é definido pelos erros que eu fiz, mas sim pelas lições que eu aprendi.
Há uma diferença entre ser gay e expressar a sexualidade da pessoa em maneiras pouco saudáveis. Tanto as pessoas homossexuais e heterossexuais são totalmente capazes de tomar decisões pobres. A questão não é sobre quem devemos amar, mas é sobre como devemos amar.
Como uma comunidade de pessoas que valorizam a Deus, a fé, e uns aos outros, sejam gays ou não, vamos explorar o que parece a amar melhor.
Traduzido da versão original no Blog do Eric Leocardio:
http://twoworldcollision.blogspot.com/2007/07/my-ex-gay-survivor-story.html
Se você domina o Inglês vale a pena ouvir os testeminhos do Eric:
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